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VIDA QUE VEM, TEMPO QUE VOA
A vida passa na rua, numa esteira deslizante, em constante movimento ... eu aqui dentro ... meio que, sonolento, de alma inquieta e num efeito rebote, eu me sinto vivendo, sem nem de fato estar, ou querer. O burburinho de fora, invade a minha sala, pela janela e pelos meios de comunicação. Os meus olhos acompanham o movimento e impedem que eu repouse, pois sei que a vida lá fora não para. Os meus ouvidos captam, ondas e chiados, perturbadores do meu sossego. Os ouvidos não posso fechar, os olhos sim, porém de nada me adianta, continuo a presenciar, a vida - porque ela não passa, ela corre. Na verdade ela voa, sobre uma passarela frenética, com sua dinâmica neurótica, não me permite o 'nada', o silêncio, a abstração do momento presente. Como num leilão, as ofertas desfilam sob meus olhos, mais explicitamente, debaixo da minha janela, aguçando os meus sentidos. Coloca palavras na minha boca, ideias na minha cabeça, movimento na minha inércia.
O problema todo, não é o quanto se anda, mas o quanto se passa de tempo, nessa loucura, um 'tantão', que dele se perde, em busca de nada, fica enterrado na areia.
Ora, ora, não se pode mais ficar inerte, deixar grassar o barulho lá fora, sem que me puxe os pés e me arraste com ele, sabe-se lá pra onde? sem que o seu frenesi, invada a minha soneca, me obrigando a viver, sem nem mesmo querer!?
05/02/21
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