terça-feira, 3 de julho de 2018

ESTÓRIAS QUE VENDEM  __ 726







Eu tinha que sorver até o último gole.
Era preciso ter a certeza de sua coragem, 
em ministrar-me, na hora extrema, não uma unção, 
mas a derradeira gota de veneno.

Prefiro acreditar que não conhecesse o antídoto,
ou não o tivesse em mãos, porque se o tivesse, 
e não me oferecesse ... 
 seria de uma crueldade, 
muito além do que posso suportar.



Estórias  tristes vendem melhor, mais que as felizes.  Porque a felicidade é coisa que não deixa dúvidas. A felicidade em si, já conta a estória completa. 

O desalento é algo com que não sabemos lidar.  É dolorido, frusta e indigna.

É preciso que alguém o decodifique para nós, ou que alguém o ratifique, nos mostrando que é possível entende-lo e sobreviver a ele.  Alguém que o descreva, o disseque. Que seja capaz de contar a estória triste e seguir em frente. Alguém que possa ser usado como exemplo.  Ou simplesmente, uma pessoa que nos mostre, que o infortúnio não é de nossa exclusividade.

A frustração e a indignação, são coisas inacabadas que deixam um ranço, sentimentos que ainda precisam ser elaborados.  

Quando ouvimos ou lemos, uma estória triste de alguém, que está tentando fazer isso:  elaborar - quem sabe podemos aplicar à nossa estória particular, o mesmo processo, como uma espécie de solução para o que parece não ter resolução.



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