DE NEGRA A VERDE __ 737
Da rocha incandescente, ao que ficou inscrito na pedra fria e de aparente falta de vida, se passaram bilhões de anos.
O segredo dos grãos de areia podem contar a história da vida, de como a terra de negra se transformou em verde.
Uma agulha fina no palheiro, para achá-la, há que se queimar o palheiro, só assim.
Remexer suas entranhas, dissecar as eras, moer as pedras, numa autópsia da terra, nesse caso, não para saber do que ela morreu; mas saber de que modo nasceu, de onde surgimos.
Tudo de que precisamos, sempre esteve aqui, e assim continuará, mesmo que não precisemos mais.
Há vida nas pedras, sempre houve, latente e quieta, à espera do momento oportuno, do aparecimento da água, o melhor dos solventes, um desorganizador dos moléculas conhecidas, em partículas que podem dançar livres dentro dela, e se juntarem, a seu bel prazer, e formarem novos pares, novos grupos, novas estruturas, novos minerais.
A água subiu aos céus, se precipitou em direção ao chão e trouxe com ela o que esteve disperso, pairando lá por cima, misturou-se ao que já existia, inventando novas riquezas.
Essa mesma água que me enxarca de vida, imprescindível a todas as reações químicas que ocorrem em meu corpo, sem a qual eu não seria.
Da mesma água e das mesmas riquezas, sou feita tal como ela - a terra - bebemos da mesma fonte, isso é fato.
Um grão de areia, minúsculo, visto através de uma lente potente pode revelar o nosso segredo, o começo de toda a vida, a verdade de que as rochas estão muito mais próximas do mundo vegetal do que imaginamos até agora. Como nós estamos todos conectados a todos os reinos, numa sequência secreta, e lógica ao ser descoberta.
A transição entre os reinos só não é conhecida, mas ela existe, e se revelará em algum grão de areia, numa pequena gramínea, ou inseto minúsculo, escondida, se mantendo bem guardada, só para nos fazer suspense.
Bilhões de anos se passaram, a verdade está em algum lugar, ou em alguns lugares, não se perdeu, os 'elos perdidos' não estão de fato perdidos, apenas ocultos temporariamente.
Quando, ao respondermos a pergunta: quem somos nós ... a resposta será algo que nem podemos imaginar. Espero que até lá, tenhamos a humildade de aceitá-la com reverência e honra!
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