CODEPENDÊNCIA
Todo tipo de “amor neurótico” é chamado de codependência. Alguém envolvido em um relacionamento desse tipo tem frequentemente a sensação de Dor, seu discurso é sempre recheado de muito Ressentimento (Mágoa) e tem dentro de si um forte sentimento de Injustiça.
Os codependentes criam expectativas muito altas, tanto em relação consigo mesmos como com os outros e quando a pessoa-problema age descontroladamente e as circunstâncias ficam difíceis, sentem grande culpa, achando que não fizeram o suficiente para evitar as crises. São confusas, precisando de conforto, compreensão e informação. São vítimas da situação-problema, lutando para ter algum controle sobre a circunstância incontrolável.
O codependente desenvolve a fantasia de que é ele que tem que suprir a necessidade do outro, esquecendo-se totalmente de si.
A carreira profissional do codependente pode ser utilizada para que se proteja dos sentimentos doloridos (reuniões no escritório, congressos, jantares, prática de esportes, festas, encontros sociais, estudos). Tudo isto procurando o conforto do distanciamento dos conflitos interiores.
A codependência é um processo que envolve a pessoa em amarras emocionais tirânicas, que provocam muito sofrimento. Quando acontece algo doloroso, e o codependente diz a si mesmo que falhou, está na verdade dizendo que tem controle sobre aquele acontecimento. Culpando-se, ele se prende à esperança de que será capaz de descobrir onde está o erro e corrigi-lo, controlando dessa forma a situação e fazendo o sofrimento cessar.
A vida do codependente é de uma secura emocional extraordinária, fazendo com que sofra o tempo todo uma dor surda e persistente.
A disfuncionalidade força os filhos a assumirem prematuramente responsabilidades que ou não eram suas ou para as quais não estavam capacitados ainda (morte, divórcio, doença prolongada, viagens a trabalho), pode ser outra fonte de geração de codependência. Tais circunstâncias e outras semelhantes forçam as crianças a crescer rápido demais.
O filho adulto de um pai alcoólatra, se casado e com filhos, poderá não se sentir à vontade nem com suas emoções, nem com as emoções dos outros. Poderá ter dificuldades para o desenvolvimento de projetos pessoais e familiares, como o término de um curso, a leitura de um livro, o término da reforma da casa, ou da pintura. Poderá ser difícil manejar seu dinheiro, comprando por impulso, ou não conseguindo um controle adequado das contas a pagar. O relacionamento sexual com sua esposa poderá ser complicado.
A filha de um pai alcoólatra poderá desenvolver a tendência de sempre se envolver com uma pessoa parecida com seu pai, na tentativa de ganhar a velha luta pelo amor, que é revivida quando ela procura estabelecer relacionamentos afetivos com outros homens. Quando casada, tenderá a ter expectativas a respeito do tratamento que gostaria de receber do seu marido, baseadas na atenção que não recebeu de seu pai.
O codependente enfrenta forte tempestade emocional dentro de seu coração, onde grossas chuvas de medo, grandes relâmpagos de raiva, nuvens tenebrosas de culpa e vergonha trovejam, criando inseguranças, fazendo-o procurar ansiosamente o refúgio que precisa. Entre as várias tentativas de controle, a principal é a negação da existência de uma situação problemática. A negação da realidade surge em toda a família disfuncional, na qual todos, de uma forma ou de outra, negam os fatos.
A negação provoca o surgimento de uma aliança entre os membros da família, pela qual todos procuram manter as aparências, como se nada de extraordinário estivesse acontecendo.
O codependente desenvolve o controle porque acredita que sua felicidade depende do comportamento da outra pessoa, que pelo seu problema está impedindo seu bem-estar. Parece que é mais fácil ignorar sua responsabilidade em se desenvolver, enquanto esquematiza, manipula e controla a outra pessoa na expectativa de modificá-la segundo a sua imagem e semelhança. Como isso nunca será alcançado, por mais que se esforce, ficará desencorajado, zangado e deprimido porque fracassou.
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