terça-feira, 29 de março de 2016







A ilusão da posse
Um dos pressupostos inconscientes é que, se nos identificarmos com um objeto através da ficção da posse, as aparentes solidez e permanência desse objeto material irão atribuir maior solidez e permanência à nossa noção de identidade. Isto aplica-se particularmente a edifícios e ainda mais a terras, uma vez que são a única coisa que podemos possuir e que não será destruída. O absurdo de possuir algo torna-se ainda mais evidente no caso das terras.
Na altura da colonização branca, os índios nativos da América do Norte consideraram o direito de propriedade da terra um conceito incompreensível. Por isso, perderam-no quando os europeus os obrigaram a assinar papéis igualmente incompreensíveis para eles. Sentiam que pertenciam à terra, mas a terra não lhes pertencia.
Eckart Tolle (Um Novo Mundo, pág. 42)



Corpos de dor densos
Algumas pessoas carregam corpos de dor (*) densos que nunca estão completamente latentes. Podem estar a sorrir e a conversar educadamente, mas não é preciso ser-se particularmente sensível para pressentir a bola fervilhante de emoções de infelicidade que existe sob a sua aparência superficial, e que está, apenas, à espera do próximo acontecimento para poder reagir, da próxima pessoa que possa causar infelicidade. Os seus corpos de dor nunca estão satisfeitos, têm sempre fome. Aumentam a necessidade que o ego tem de possuir inimigos.
Através da reatividade destas pessoas, questões relativamente insignificantes tornam-se totalmente desproporcionadas, ao tentarem atrair outras pessoas para o seu drama, obrigando-as a reagir. Algumas envolvem-se em demoradas e, em última análise, inúteis batalhas judiciais com organizações ou indivíduos. Outras são consumidas por um ódio obsessivo por um ex-cônjuge ou companheiro/companheira. Para elas, a infelicidade e até a própria dor encontram-se no exterior, no acontecimento ou na situação. Ao não terem consciência do seu estado interior, elas nem sequer sabem que estão profundamente infelizes, que estão a sofrer.
(*) Campo energético de emoções antigas, mas ainda muito vivas, que habita dentro de quase todos os seres humanos.
Eckhart Tolle (Um Novo Mundo, pág. 128)

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