Se a ideia de carência - seja de dinheiro, reconhecimento ou amor - se tornou parte de quem pensamos ser, sentiremos sempre carência. Em vez de reconhecermos tudo o que de bom já existe na nossa vida, só nos concentramos na carência. Reconhecermos o que de bom já existe na nossa vida é a base para que a abundância surja. O facto é este: aquilo que julgamos que o mundo nos está a negar é aquilo que nós estamos a negar ao mundo. Estamos a nega-lo porque, no fundo, pensamos pequenos e não temos nada para dar.
Experimente fazer o seguinte durante algumas semanas, e veja como tal mudará a sua realidade: tudo o que pensar que as outras pessoas lhe estão a negar - estima, consideração, ajuda, atenção afetiva, etc. -, dê-lhes a elas. Não possui essas coisas? Aja como se as possuísse e elas aparecerão. Então, pouco depois de começar a dar, começará a receber. Você não pode receber aquilo que não der. O que sai de si determina o que entra. Você já tem tudo o que pensa que o mundo não lhe está a dar, mas se não permitir que isso flua para o exterior, nem sequer saberá que o possui. Isto inclui a abundância.
A lei que estipula que o que sai determina o que entra é expressa por Jesus nesta poderosa imagem: «Dai e dar-se-vos-á: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço.»
Eckhart Tolle (Um Novo Mundo, pág. 158)
O sofrimento consciente
Se tiver filhos pequenos, faça o melhor que puder, dando-lhes a sua ajuda, orientação e proteção, mas mais importante do que tudo é dar-lhes espaço - espaço para serem. Eles vêm ao mundo através de si, mas não são «seus». A crença de que «Eu sei o que é melhor para ti» pode ser verdadeira quando as crianças ainda são muito pequenas, mas, à medida que vão crescendo, vai deixando de ser verdadeira. Quanto mais expetativas você criar em volta do modo de vida deles se devia desenrolar, mais preso fica à sua mente, em vez de estar presente quando os seus filhos realmente precisam de si. Eles vão acabar sempre por cometer erros e vão sempre experimentar algum tipo de sofrimento, como todos os seres humanos. Na realidade, esses erros podem até só ser erros na maneira de pensar. Aquilo que para si é um erro pode ser exatamente o que eles precisam de fazer ou experimentar nesse momento. Dê-lhes o máximo da sua ajuda e orientação, mas esteja consciente de que, por vezes, também tem de os deixar cometer erros, sobretudo quando começam a atingir a idade adulta. Por vezes, também tem de permitir que sofram. O sofrimento pode vir do nada ou ser consequência dos erros cometidos por eles.
Não seria maravilhoso se conseguisse poupar os seus filhos a todo o tipo de sofrimento? Não, não seria. Eles não evoluiriam como seres humanos e permaneceriam fúteis, identificados com a forma exterior das coisas. O sofrimento leva-nos mais fundo. O paradoxo é que o sofrimento é causado pela identificação com a forma e desgasta a identificação com a forma. Muito disto é causado pelo ego, apesar de acabar sempre por destruir esse mesmo ego - se for um sofrimento consciente.
O sofrimento tem um propósito nobre: a evolução da consciência e a eliminação do ego.
Eckhart Tolle (Um Novo Mundo, pág. 88)
Para a maioria dos seres humanos, a única "folga" que eles têm das suas próprias mentes é quando por vezes revertem para um nível de consciência inferior ao do pensamento. É o que toda a gente faz, todas as noites, durante o sono. Mas isso também pode acontecer, em certa medida, através do sexo, do álcool e de outras drogas que suprimem a atividade excessiva da mente.
Se não fosse o álcool, os tranquilizantes, os antidepressivos, assim como todas as drogas ilegais, todas elas consumidas em grandes quantidades, a insensatez da mente humana tornar-se-ia ainda mais flagrantemente óbvia do que já é. Creio que, privada das drogas, uma grande parte da população tornar-se-ia um perigo, tanto para si própria como para os outros. É evidente que as drogas só servem para manter o ser humano atolado na disfunção. O seu uso tão difundido não faz mais do que atrasar a queda das velhas estruturas da mente e o aparecimento de uma consciência mais elevada.
Apesar de os utilizadores individuais poderem obter algum alívio da tortura diária que lhes é imposta pelas respetivas mentes, a verdade é que esse consumo os impede de gerar a presença consciente necessária para se elevarem acima do pensamento e assim encontrarem a verdadeira libertação.
Eckhart Tolle (O Poder do Agora, pág. 115)
A aproximação da morte e a morte em si, a dissolução da forma física, são sempre oportunidades para a realização espiritual. Oportunidades, que na maior parte das vezes, são desperdiçadas, pois vivemos numa cultura que é quase totalmente ignorante a respeito da morte, como também é quase totalmente ignorante a respeito de tudo o que é verdadeiramente importante.
Cada portal é um portal da morte, a morte do falso eu. Ao passar por ele, você deixará de basear a sua identidade na sua forma psicológica, obra da mente. Compreenderá então que a morte é uma ilusão, exatamente como a sua identificação com a forma era uma ilusão. O fim da ilusão - a morte é apenas isso. Só é dolorosa se você se agarrar à ilusão.
Eckhart Tolle (O Poder do Agora, pág. 154)
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