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Águas
escuras
14/03/16
Submerso
em águas escuras, alguém tenta me salvar, vejo braços que se esticam em minha
direção, para tentar um resgate que parece impossível ... logo após ... não tenho mais
a certeza de tê-los visto, ou se foi simples imaginação!
Meus
pensamentos pesam tanto, que me fazem afundar mais e mais. Ficam turvos como a
água. A verdade perde parte da sua
ferocidade. Sinto-me adormecido ou imobilizado - não sei precisar, não sinto
meu corpo - ao menos, sinto que não me pertence – pareço não estar aqui.
Começam os lapsos de esquecimento. Aqui
no fundo não há sonhos ou expectativas – a mente desfalece.
Procuro
pelas amarras e não as encontro. Não me
lembro de como vim parar aqui, nesse esconderijo. Enquanto meu corpo afunda,
vou perdendo a consciência, pouco a pouco.
As águas além de escuras, são geladas, paralisam meus movimentos, e vou
entrando numa espécie de letargia. A voz
da minha essência se cala e a alma se esvazia. É bom sentir a dor indo embora!
Posso fazer
de conta que está tudo certo, “tudo sob meu controle”... Mas as
águas além de escuras e geladas, são também revoltas... então percebo que “eu é que estou
debaixo do controle” e não acima dele
como queria. Uma frustrada e
desesperada tentativa de fugir aos mil tentáculos e suas ventosas, que a dor
usa para me alcançar. Mas por que ainda me sinto tão mal?
Sou meu
pior inimigo, determino e decreto minha própria morte. Eu manufaturei minha realidade, que não se
sustentou ... e o que ganhei? Ir cada
vez mais fundo, para fora de mim! Sou
importunado por idéias que nem sequer são minhas, mas deixei que morassem em
mim. Mas então, a anestesia passa e tudo volta a incomodar!
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