[Textos -33 - "Árvore sem folhas" - 10/06/14]
Sou como uma árvore, subitamente sacudida por uma tempestade, que perdeu
todas as suas folhas as quais continham vida e se viu, magra com galhos pelados
à mostra.
De uma só vez, as muitas folhas foram levadas... Não gostei de
como fiquei, antes tão exuberante a farfalhar, agora me vejo nua, com duas
raízes, uma para dentro da terra e outra que cresce para o céu.
Duas extremidades em mim, parecidas, de
mesmo formato, mas a de cima tem aspecto e cor de pedra, enquanto que a de
baixo, nem sei que cor tem!
Não gosto dessa monocromia. Quero acreditar que por dentro da
pedra existe vida. Sim acredito e sei que a seiva a alimenta, quieta e
constante, em pequenas doses, em movimentos ascendentes, criando caminhos que
não existiam, transportando e abastecendo o tecido acinzentado.
O sol está aí e a chuva é para todos! Vez ou outra,
alguém vem abraçar meu tronco e então, entre um abraço e outro, troco energias
e sinto que não morri.
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