CHAPEUZINHO VERMELHO E UMA DAS GRANDES DESCOBERTAS DA SUA VIDA
Conseguir perceber que a partir de pequenos acontecimentos diários se constrói uma grande felicidade pode ser uma das maiores descobertas da sua vida.
Passamos boa parte da vida buscando o que for necessário para conseguir a tão sonhada felicidade. Geralmente ficamos tão focados nessa busca que nem percebemos que aquilo que tão ardentemente buscamos pode estar mais perto de nós do que imaginamos.
É algo similar a ter de atravessar um lindo bosque antes que anoiteça para não errar o caminho, e não ter a chance de se deleitar com as flores ou contemplar a paisagem (tal qual a Chapeuzinho Vermelho na floresta) a fim de rapidamente encontrar a saída e chegar ao objetivo.
Ao longo de nossa jornada pela vida criamos um roteiro imaginário, ideal e perfeito, em que todos os construtos daquilo que consideramos bom e interessante estão sedimentados e organizados de maneira a nos fazer crer que atingiremos ‘a tal’ felicidade. Somos orientados a seguir esse roteiro de maneira retilínea e uniforme, sem desvios, com planejamento detalhado e metodologias eficientes.
Esse construto vem permeado daquilo que nos foi culturalmente transferido, que assimilamos e acatamos como algo aceitável e bom, mas que geralmente alcançamos com um questionamento interior que nos acompanha e incomoda: ‘então era só isso?!’.
Talvez seja o que nos ocorre algum tempo depois de aprendermos a andar de bicicleta, depois que damos o primeiro beijo, quando terminamos o ensino médio, passamos no vestibular, quando conquistamos o primeiro emprego, o primeiro amor, o sonhado cargo, ou o carro, ou o cônjuge, quando fizemos ‘aquela’ viagem ou ganhamos ‘aquela’ grana.
Depois dessas e de tantas outras conquistas que podemos fazer na vida, eis que surge o questionamento inesperado: ‘era só isso mesmo?!’.
Mesmo sabendo que ‘só isso’ pode ser muita coisa, após alcançar um após outro os objetivos de nossas listas intermináveis, lá estamos nós outra vez, sedentos e inquietos, novamente à procura da ‘tal’ felicidade.
Esquecemos, pois, de notar que a felicidade pode estar nos menores detalhes que ocasionaram os grandes momentos que culminam com o alcance de nossas metas e objetivos.
Esqueceram de nos contar um segredo: que a felicidade está na sutileza das coisas e não necessariamente na grandiosidade dos fatos.
.A felicidade pode vir disfarçada em uma xícara de chá quente, num céu azul de nuvens brancas, na brisa fresca e na areia quentinha sob os pés; a felicidade está presente na risada alta, nas mãos entrelaçadas, nos olhares singulares. Ela, a felicidade, está presente na coberta macia, no gole de água refrescante, no barulho da chuva na janela, no cheiro do mar, na delicadeza do gesto, no cheiro do pão saindo do forno, no gosto gostoso do arroz soltinho; a felicidade está no bom dia recebido, no selinho trocado, no abraço apertado, na mão estendida. Ela pode se esconder entre as páginas de um livro, na profundidade de um olhar, no significado de uma poesia, na letra de uma canção ou numa melodia harmoniosa. A felicidade habita na flor que se abriu, no pássaro que canta, no sol que aquece. Ela está escondida no silêncio gratificante, na postura bondosa, na palavra acolhedora, no trato respeitoso.
A felicidade mora no coração sensível e caminha com pés velozes ao encontro de todos os que a desejam. Mas é necessário ter olhos para ver e coração para sentir.
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