Fora sempre pessoa de língua muito eloquente. Portadora de uma transparência quase
indecente, capaz de fazer virar do avesso a alma e de não deixar senão uma folha de
parreira a cobrir suas vergonhas.
Aos ouvidos moucos, a assertividade
é um coçador que incomoda. Aos olhos fechados, desenhar é desnecessário e
incompreensível. Às feridas purulentas,
as moscas são indesejáveis...
Confesso que, para minha eloquência,
qualquer sentido que a tivesse captado seria lícito. Teria obtido êxito!
Mas eu não me dirigi à massa
cinzenta, que mora no sótão isolado e sombrio.
Entulhado , onde se assenta em seu trono, de onde delega poderes e
comanda a casa.
Tentei o tecido vermelho irrigado,
de muitas portas, que ao se expandir, recolhe, reconforta e retém junto de si.
Esse cômodo quente, bem no meio da
casa, muito próximo da cozinha, do quarto de dormir. De muita circulação e aconchego que possui uma
lareira sempre acesa.
Estamos eu e minha eloquência, ou
ela e eu, cansados de bater à porta dessa casa sem jardim... Nossas mãos estão doídas de tanto insistir
sobre a madeira rústica e maciça, sem tinta nenhuma. Trancada por dentro... E
ninguém nos atende, não nos ouve!
Batemos há muito! Lá dentro há apenas móveis cobertos de panos
brancos cheios de pó e silêncio.
Desistimos. Eu desisto, é só silêncio! Também, nem quero mais entrar! Perdi o interesse. Ninguém vive lá. A casa é vazia! 29/07/15
Nenhum comentário:
Postar um comentário