sexta-feira, 31 de julho de 2015



Einstein e Marie Curie

 (Foto: Wikimedia Commons)

Após intensa campanha difamatória da mídia francesa contra Curie, o físico alemão enviou uma carta à colega na qual a aconselha a 'simplesmente não ler' tamanhas bobagens



Um século antes de a máxima "fique longe dos comentários" se tornar um dos motes que orientam nossa experiência nas redes sociais e nos fóruns da internet, o físico alemão Albert Einstein já aconselhava a colega Marie Curie a adotar uma postura bem parecida. Só que, no caso, como obviamente os tempos eram outros, os "trolls" a que ele se referia (não com o termo) eram os membros da mídia francesa que publicaram um "escândalo" sensacionalista e desrespeitoso envolvendo a vida privada da cientista.

Em 1911, Curie se tornou a primeira pesquisadora da história a ser laureada com o prêmio Nobel em duas áreas distintas - o de física em 1903, e o de química naquele ano. O pioneirismo nas pesquisas envolvendo a radiação, inicialmente ao lado do marido Pierre Curie, levariam à descoberta dos elementos químicos rádio e polônio, que lhe renderiam o título notável que mantém até hoje. Poucos meses depois da conquista histórica, a imprensa da França, onde residia, conduziu uma verdadeira campanha difamatória contra a cientista - os jornais publicaram uma série de cartas de amor que ela havia trocado nos anos anteriores com o também físico Paul Langevin, que havia sido um doutorando do marido de Marie, Pierre, falecido em 1906.
Tamanho burburinho seria justificável se o affair de fato fosse extraconjugal, pois para a sociedade do início do século XX tais relações eram mesmo um tabu. Mas na ocasião do início do romance a cientista já era viúva, e seu amante estava separado da esposa, apesar de tecnicamente permanecerem casados. O escândalo veio à tona justamente por meio da senhora Langevin, aparentemente mal resolvida com a separação, pois entregou as correspondências à mídia e pintou uma imagem de Marie como sendo uma intrépida destruidora de lares. Os jornais, ávidos por uma boa história de adultério envolvendo uma figura tão aclamada na época, compraram a versão de muito bom grado...

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