A orquídea amarela (?)
Tenho pensado na estória da orquídea amarela, e
até que poderia ser uma história. Poderia
representar um fato da vida de qualquer pessoa.
Pois bem, a estória é essa, para quem não
conhece:
Chega até nossas mãos, uma muda de orquídea
amarela, rara, de beleza exuberante!
Cultivamos com carinho, dando-lhe água e sombra
na medida certa.
A floração demora e continuamos a nos dedicar a
esse cultivo, já antevendo o momento de apreciarmos a primeira flor.
Após muitos anos, comum nos caso de orquídeas,
desponta o primeiro botão.
Com toda a expectativa, queremos apressar a
natureza, para finalmente recebermos o prêmio por tanta dedicação... Apreciar e ostentar a raridade de que somos
possuidores.
Gestamos, dentro de nós por um longo tempo,
essa orquídea amarela...
Quando essa flor desabrocha, para nosso
espanto, aparecem sim suas lindas formas, mas aquela expectativa anterior, é
frustrada.
Somos surpreendidos. E aquela orquídea amarela, rara, exuberante,
cultivada durante anos é na verdade - roxa!
Então eu penso a respeito e começo criar o que
poderia ser a história:
O que diferencia as duas? A forma? É a natureza?
Não, nem a forma, nem a natureza.
Ambas são flores e orquídeas. É a
cor? Talvez o perfume? Sim! E
o que seria a cor para uma flor, senão o seu conteúdo diferenciado das demais;
e o seu perfume a exteriorização desse conteúdo; ambos resultantes de uma seiva característica
que as alimenta? Pouco importa a
forma. Com algumas pequenas variações
são todas orquídeas! Só mudam a cor e o
perfume.
O primeiro final da história: Podemos ter nas mãos uma orquídea roxa, mas
passamos a vida inteira lamentando, que não tenha sido "aquela"
orquídea amarela... Esquecendo-nos que uma orquídea é uma orquídea, sempre,
independe de sua pigmentação o pertencimento à sua espécie.
Ou ainda, a história pode ter um outro final, diferente... Temos nas mãos uma orquídea realmente
amarela, rara, exuberante, mas que por alguma deficiência ou limitação de
nossos sentidos físicos, nós a enxergamos como roxa, cheiramos como roxa e
sentimos como roxa.
Nos
dois casos estaremos sempre olhando para o jardim de nosso vizinho! Frustrados,
não valorizando a verdadeira beleza e finalidade de cada uma dessas flores;
estaremos sofrendo por termos esse entendimento tão pequeno da grandeza e da
sabedoria das obras do criador: ... que coloca em cada jardim exatamente as
orquídeas, as rosas, os cravos, miosótis, margaridas, na cor e no perfume que
esses jardins precisam ter!
03/06/05
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