Quando
contemplo a paisagem à minha frente, e entro no 'modo visão desfocada', já não
é mais um vazio que vejo. Torna-se aos poucos, uma estrada larga e
iluminada, ganhando contornos cada vez mais nítidos, que me leva a lugares
repletos de tudo ... onde o que não pude tocar, ainda está lá; onde o que não
pude saber, ainda está a minha espera, para ser apreciado. Posso me deter numa cena prazerosa,
porque dentro dele não existe a noção de tempo, nem de espaço, muito menos há coisas
definidas, porém tudo é possível, lá existem todos os gérmens de todas as ideias.
Na entrada,
existe um arco translúcido, que coroa essa passagem, fazendo parecer ... e eu arrisco
dizer ... um ‘buraco de borboleta’. É assim que eu me sinto – uma borboleta – não escuto
o barulho de asas, apenas sinto a leveza do meu corpo, que desliza, como se
pairasse sobre flores, delicadamente. É
enganoso imaginar, que um vazio seja desprovido de qualquer coisa, porque um
vazio pode ser repleto de tudo - o meu, pelo menos, é.
Eu já não sei, se fui eu que adentrei seus limites, como se debaixo dos meus pés, fosse colocada uma esteira rolante ou se foi o arco que avançou através de mim e me levou ao seu interior. O que eu sei é, que não fiz nenhum movimento com meus pés, e ainda assim, alcanço todos os seus recantos e todas as sensações, que me podem proporcionar.
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