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QUASE TUDO OU QUASE NADA
Eu sou o bater de asas apressadas, fugindo da tormenta. Contenho a nota musical que rasga as partículas do ar, em busca de ouvidos; o aroma das iguarias mais simples.
Sou a pedra angular das pequenas e das grandes obras, como as mãos que as executam; o abraço que se faz refúgio; os pés que desenham o caminho. Sou os risos que escapam dos quintais e transbordam alegria. Formo o orvalho que umedece as manhãs.
Abarco o grão de areia, que viaja meio mundo, para fertilizar a floresta longínqua e ao mesmo tempo, sou, os rios aéreos, que devolvem a fertilidade aos campos. Me traduzo em semente que se sacrifica pela vida, mas sou também, a terra que a transforma num lindo carvalho. Posso dizer, que consisto na erva que dá origem ao unguento, e em más mãos, ao veneno. Sou todas as águas que unem os continentes e as margens opostas.
Integro a gratidão que preenche o ser; os lábios que curam os machucados; o coração que ama em silêncio ou em alarde. Personifico a entrega, a quietude dos ventos e a fúria dos mares.
Sou quase tudo ou quase nada, dentro da imensidão da natureza; simbolizo apenas um átimo da infinita grandeza em recursos, para nutrir e encantar, colocada ao dispor da humanidade ... permitindo que esta, seja uma parte relevante na criação ... desde que traduza as dádivas em presentes, sem desperdiçar um único dom, e assim, fazendo-se ascender, continuamente, na espiral da evolução.
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