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'COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ'
09/12/20
A paixão deu-me asas, de me levar às alturas. Eu fui subindo, no êxtase de me ver alado, apaixonado e amado. Não pensei na descida, mas sabia, que tudo que sobe, é forçoso que uma hora desça. Não tinha um plano 'b'; ou uma rede que amparasse a queda certa; nem sequer uma boia, caso caísse no oceano conturbado das minhas emoções. Nada! Caí, e caí feio, as asas eram de cera, o meu lugar não era 'o alto' e eu sou feito de carne e osso.
Ai de mim ... não por ter perdido as asas, mas por não sentir mais o êxtase de voar e a doce esperança de ser acompanhado no voo.
Certas pessoas são assim ... apaixonantes! ... e eu, apaixonável, me deixei apaixonar, imprevidente e bobo, 'como se não houvesse amanhã'! Sempre há ... e ele nos cobra seu preço justo! São dois trabalhos: me apaixonar, para depois me desapaixonar ... será?
Hoje, já é o amanhã, não sou mais um ser alado, sou uma mariposa grande, que encantada com a luz, perdeu a cabeça, as asas ... e agora se arrasta pesada sobre o chão, rodopiante e desesperada, sem sair do lugar.
arte | agnes cecile
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