Eclético, o meu gosto por música, isso eu posso dizer. Não é o estilo que me atrai, mas o seu efeito causado em meu espírito.
Por estes dias atuais, ando 'tocando' um tango, na cabeça da minha alma.
Definitivamente, é um estilo que não cabe na minha linha de tempo, pois não vivi na época em que se apreciava, nem se dançava esse tipo de música.
Confesso que dançar tango, para mim é algo um tanto teatral demais, apesar de ser lindo de se ver dançar, um casal de bailarinos. Mas a melodia diz muito mais do que os passos bem ensaiados, porque ela não me fala aos olhos, ela me fala muito direto às sensações, a um tipo de memória que não tenho certeza de ser minha.
Mas, por estes dias, quase me convenço de que pertenci àquela época, porque o impacto que seus acordes causam em mim, não fariam o menor sentido, se não tivesse vivido e pensado como se pensava naqueles tempos.
Sinto como se, ao ouvi-lo, ou simplesmente, 'tocá-lo' na minha mente, fosse um gatilho para acordar algumas lembranças, das quais não faço a menor ideia de onde vêm.
Se realmente pertenci, não sei, mas fica a impressão de estar fora do tempo, do meu tempo, a música que 'toca' na minha alma não é a mesma que entra pelos meus ouvidos, da que está ao meu redor.
Já me aconteceu de 'tocar' insistentemente, por outros dias, uma ópera, um bolero e a sensação é a mesma: acho que entendo o que querem dizer, os sentimentos que querem expressar, daquilo que espicaçou a alma do compositor.
Por estes dias, sou um estranho no ninho, um viajante do tempo, viajando dentro dele, fora do lugar natural, em algum ponto entre os tempos do tango(óperas/boleros) e os tempos presentes.
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