1085 | BLUE NARCISSUS | 29/10/19
Nunca vi nenhum, nem azul, nem de outra cor qualquer. Acho que foi num filme, passado em outro continente, de uma outra época, com clima propício a que eles floresçam ... que eu os vi, num pequeno ramalhete, de puro céu encantado, cuja cena nunca saiu da minha cabeça.
Se essa flor se transfigurasse em gente, morreria de inanição, ao mirar-se nas águas do lago, esquecida de si, hipnotizada por sua beleza, reforçando o mito. Até o céu invejaria sua cor.
Vejo um buquê de narcisos azuis, em minhas mãos, eu os recebo, com uma sensação de quem toca a seda, com a impressão de ser transportada para um outro tempo, um outro país. Depressa eu os disponho num vaso brilhante de porcelana branca e arabescos prateados, com água fresca, sobre a minha mesa de cabeceira. Nas noites, eu adormeceria sob o efeito de seu poder e todas as manhãs, as primeiras imagens, registradas pelas minhas retinas, seriam o céu encantado, que eles representam.
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