quinta-feira, 8 de novembro de 2018

819 _ UM CONTO, SEUS PONTOS  E A IMPERMANÊNCIA _ 08/11/18



arte | 'conto' de silvinha meirelles


Nada é o que parece.  Nada.

Toda questão tem ao menos duas versões: a de quem pergunta e a de quem responde.

Todo conto, com um ponto acrescentado ou diminuído, já é outro conto.

A verdade é como um espelho partido, em muitos pedaços, que podem não remontá-lo inteiro novamente, porque alguns se conservam perdidos.  Apesar de cada um deles, refletir a verdade que se vê, é apenas fração da verdade inteira. 

Nada permanece como está.

No conto, que se conta novamente, com mais ou menos um ponto - implica mudança no conto.  Na verdade mais ampliada, à cada vez que mais um fragmento do espelho se junta ao mosaico que já existe - se aproxima um pouco da verdade verdadeira e faz outra realidade.

Sob um novo ponto de vista, a perspectiva muda em relação ao objeto, fato, ou questão.  Isso sem falar no nosso humor do dia, que pode ser doce, amargo, cítrico e sabe-se lá mais o quê?!

Vejo o mundo conforme minha capacidade de enxergá-lo - e não falo da capacidade funcional dos olhos.   Penso a vida, segundo o entendimento que me é possível, no momento.

Como nunca estou no mesmo lugar, com o mesmo olhar, com o mesmo humor, do mesmo lado; porque ora estou fazendo a pergunta, ora sou eu quem deve respondê-la ... chego à conclusão de que: frequentemente vejo, porém não entendo, nem aprendo, olho e não enxergo; porque sei muito pouco, e porque do que sabia, já não tenho tanta certeza; porque já não sou mais a mesma pessoa.

É por essas razões que afirmo: nada é o que parece ser, nem o que parece ser permanecerá como está.
    

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