quinta-feira, 22 de novembro de 2018

308 __ EU CRIO, TU CRIAS __ 22/11/16




arte | agnes cecile


Há várias formas de se falar ou escrever sobre algum assunto.  Como tantas são - as  formas de se mostrar uma cena no cinema - as tomadas sob cada ponto de vista, dão um enfoque totalmente diferente, com maior ou menor intensidade.   Um pintor, pode se utilizar de tintas claras ou carregadas de cor, dependendo de sua intenção, sua mão pode ser leve ou pesada em pinceladas grossas, as imagens podem ser reais ou distorcidas.  O mesmo se dá com quem compõe uma melodia.

No meu caso, que escrevo – as ideias ficam pairando ‘sobre o doce’ - as mosquinhas  chatas não me deixam em paz.  Elas só vão embora quando ‘cubro o doce’ – quando as ideias passam para o papel real ou virtual.

Na minha cabeça, as palavras, expressões ou frases inteiras, ficam passando intermitentes à minha vista, como legendas  de um filme, mas não necessariamente no rodapé como seria de se esperar.  

Quando me decido, ‘espantar as moscas’ ou me livrar das ‘legendas’,  antes que  as ideias não fiquem totalmente ordenadas a meu contento, elas - as ‘moscas e legendas’ - persistem em se fazerem presentes na minha imaginação.  Eu diria até que sofro de uma espécie de TOC – onde a ideia,  é a obsessão ... e a necessidade de concretizá-la,  a compulsão.  O alívio só vem depois que passo pelas duas fases, a sensação fica dependurada até um próximo episódio, a qualquer hora do dia ou noite.

É uma parte de mim,  que fica a repetir algo, do qual eu talvez na sã consciência,  não tenha me dado conta! Prefiro acreditar que é minha parte alerta e não a que dorme, a responsável por isso.

Eu fico a procurar então, de que maneira dar vida a essa inspiração.  Onde devo colocar luz, exagerar, o que deve vir primeiro, o que deve ficar oculto até um momento oportuno, até como nunca revelar;  e brincar dessa forma com o leitor, desafiando a sua imaginação ou perspicácia.

Os instrumentos que me servem são muitos, a língua portuguesa é riquíssima em sinônimos, em sonoridade, em expressões, que me deixam muito a vontade para eu pintar o meu quadro ...  porque o que escrevo, deve ‘pintar’ uma tela mental  em quem lê.  

Da mesma maneira, como o som das palavras deve ser agradável ao ouvido, se eu tiver exito - devo causar uma emoção ao leitor, seja ela qual for - posso até chegar a materializá-la, a fazer com que possa tocá-la e sentir sua textura.

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