sábado, 17 de novembro de 2018

569 __  PANAPANÁ VERMELHO __ 17/11/17







O vento de outono não precisava de pincel, ele usava a boca, pra soprar a quantidade que quisesse, sobre  as folhas do chão - as quais havia escolhido usar como tinta, pra pintar a sua tela.


A pintura era viva, ou quase, ao olhar do observador. Ela acontecia e se fazia sujeita, apenas à vontade do vento - ao seu bel prazer - que a modificava a cada lufada sua.


As folhas vermelhas rodopiavam em contraste ao chão branco de granito, em todas as direções, quantas vezes quisesse o pintor, fazendo desenhos aleatórios que podiam ameaçar sair do branco.


Se a obra fosse minha, eu a chamaria de 'Panapaná vermelho' - uma nuvem de borboletas vermelhas, sobre tela branca, onde era possível ver os furinhos de sua textura.


Nunca vira folhas dessa cor, mais pareciam flores, que propriamente folhas.


O páteo era parte de uma praça muito maior, as pilastras que o circundavam - como preciosa moldura - eram feitas do mesmo material, da mesma pedra, extraída das mais altas e milenárias montanhas.  As pilastras, ao inverso, eram baixas, pra que uma ou outra pessoa pudesse sobre elas debruçar-se.  



panapaná = nuvem, bando de borboletas


Baseado numa cena do seriado 'O tempo entre costuras' ...

Nenhum comentário:

Postar um comentário