sexta-feira, 1 de junho de 2018


UM OLHAR SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO

50 – ANATOMIA DE UMA RELAÇÃO


Numa relação interpessoal, há pelo menos dois sistemas envolvidos.  Ao usar o termo 'sistema', faço referência ao meio oriundo, de cada pessoa que se relaciona, segundo suas crenças, tendências e aspirações.
Antes de ser um indivíduo, a pessoa representa um sistema, do qual emergiu.  E para se ter um relacionamento saudável, é necessário, que embora hajam diferenças entre os sistemas que se confrontam, deve haver uma forte disposição das partes, no sentido de confluírem à formação de um terceiro, sem que haja domínio de um e sufocação de outro.
Imersos nos nossos sistemas, nem sempre temos claro, os motivos que fazem com que consideremos o nosso, como sendo o mais correto.
Existe muita coisa inconsciente, dentro do nosso limitado entendimento, que nem sequer percebemos, mas que sempre estará a reger nossas atitudes e a consumir nossas energias.  
Já na infância, inclusive na vida uterina, começamos a abastecer nosso arquivo de informações, para a construção de nossa personalidade. 
Todas as experiências vividas e presenciadas por nós, serão mantidas no 'arquivo', lembremos ou não delas.  E assim vai, adolescência afora, juventude, os fatos guardarão uma impressão muito forte no nosso caráter, sejam eles bons ou não.  Aí estão as causas das diferenças mais gritantes.
O que identificamos como sendo - algo que faltou - será sem dúvida, buscado incessantemente por nós, vida afora.  Isso determinará nossas necessidades mais prementes. 
O esboço da anatomia de que falo, pode ser montado, pelas coisas que consideramos como conhecidas a respeito de nós mesmos, mais aquelas, de que nem sequer sonhamos a existência.  Eu tenho uma dinâmica,  a outra pessoa, tem a sua,  participando com suas partes e os seus funcionamentos.  A todo instante estas 'partes" particulares de cada um, entram em  contato, reagindo, misturando-se ou confrontando-se com as partes alheias.
O autoconhecimento é precioso, na hora de se entregar a um relacionamento qualquer, de amor, de amizade, de trabalho.  
Existem as afinidades físicas e as emocionais, sem contar as sociais e espirituais, mas sem sombra de dúvida, podemos dizer que as emocionais são o carro-chefe, encabeçando a postura que assumimos nas nossas relações de todo o tipo.
Tendemos a reagir ao mundo, a pleitear o que achamos que nos foi negado, dessa forma, toda a nossa carência se transferirá para os nossos contatos.  Ignorar essa gênese, é coisa que nos fará correr atrás da cenoura, amarrada uns metros à nossa frente, sem nunca a alcançarmos.
Sentimentos de afeto nascem das várias partes do nosso eu, não apenas físicos, principalmente das lacunas afetivas, quando determinamos que o outro deve nos dar aquilo que não recebemos.
E ele não dará.  Essa é a razão da importância de conhecermos de verdade, o que rege as nossas escolhas, carregadas de enormes expectativas e fadadas às profundas decepções.


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