Pergunta:
Li que um filósofo estoico da antiga Grécia, ao dizerem-lhe que o filho morrera num acidente, terá respondido. "Eu sabia que ele não era imortal". Será isto a rendição? Se é, não a quero. Há determinadas situações em que a rendição parece contranatural e desumana.
Resposta:
Estar isolado dos sentimentos não é rendição. Mas nós desconhecemos qual era o seu estado interior quando ele disse aquelas palavras. Em determinadas situações extremas, poderá ser impossível para si aceitar o Agora. Mas você terá sempre para si uma segunda oportunidade para se render.
A sua primeira oportunidade é render-se em cada momento à realidade desse momento. Sabendo que o que é não pode ser desfeito - porque isso já é -, você pode dizer "sim" ao que é ou aceita o que não é. Depois faz o que tem a fazer, seja o que for que a situação exija. Se permanecer no estado de aceitação, você deixará de criar negatividade, sofrimento e infelicidade. Viverá então num estado de não-resistência, num estado de graça e de leveza, livre de conflitos.
Sempre que não conseguir fazer isso, sempre que perder essa oportunidade - ou porque não está a gerar presença consciente suficientemente intensa para evitar que surja algum padrão habitual e inconsciente de resistência, ou porque a condição é tão extrema que se torna absolutamente inaceitável para si -, então você cria alguma forma de dor, alguma forma de sofrimento. Poderá parecer que é a situação que cria sofrimento, mas em última análise não é assim - é a resistência que o faz.
Eis agora a sua segunda oportunidade de se render. Se não puder aceitar o que está por fora, então aceite o que está por dentro. Se não puder aceitar a condição externa, aceite a condição interna. Isso significa: não resista à dor. Permita que ela exista. Renda-se ao desgosto, ao desespero, ao medo, à solidão, ou a qualquer forma que o sofrimento tomar. Observe-o sem o classificar mentalmente. Aceite-o. Depois veja como o milagre da rendição transmuta o sofrimento profundo em paz profunda. É esta a sua crucificação. Permita que seja também a sua ressurreição e a sua ascensão.
Eckhart Tolle (O Poder do Agora, pág. 220)
Observe uma árvore, uma flor ou uma planta. Deixe que a sua consciência se detenha nelas. Veja como estão tranquilas, tão profundamente enraizadas no Ser. Deixe que a Natureza o ensine a sentir a serenidade.
Eckhart Tolle (A Voz da Serenidade, pág. 17)
Há momentos em que todas as respostas e explicações falham. Nesses casos, a vida deixa de fazer sentido. Ou, então, não sabemos mais o que dizer ou fazer quando alguém em aflição vem pedir-nos ajuda.
Ao aceitar completamente que não se tem explicações para tudo, desiste-se da luta para encontrar respostas através da mente racional e limitada, e é nessa altura que uma inteligência superior pode operar através de nós. Então, até mesmo a mente pode beneficiar com essa intervenção, uma vez que a inteligência superior aflui para o pensamento e inspira-o.
Por vezes, a entrega significa desistir de querer entender e aprender a conviver bem com o facto de não saber tudo.
Eckhart Tolle (A Voz da Serenidade, pág. 78)
A aceitação do sofrimento é uma jornada para a morte. Enfrentar a dor profunda, permitir que ela seja, prestar-lhe toda a sua atenção, é entrar conscientemente na morte. Quando você tiver morrido essa morte, compreenderá que não há morte - e que não há nada a temer. Só o ego morre. Imagine um raio de Sol que se esquecesse de ser parte inseparável do Sol, se iludisse a si próprio acreditando que tem de lutar para sobreviver, e criasse e se agarrasse a uma identidade diferente da do Sol. A morte de uma tal ilusão não seria incrivelmente libertadora?
Quer ter uma morte fácil? Não preferia morrer sem dor e sem agonia? Então morra para o passado a cada momento e deixe que o brilho da luz da sua presença afugente o eu pesado e escravo do tempo que você julgava ser a sua identidade.
Eckhart Tolle (O Poder do Agora, pág. 222)
Seja qual for a situação da sua vida, como é que se sentiria se a aceitasse tal como ela é - neste momento, Agora?
Eckhart Tolle (A Voz da Serenidade, pág. 129)
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