Eu voei e não foi na cauda do cometa, foi mesmo, na asa do pensamento, como se tirasse penas da gaveta, por encanto, juntando duas vontades ... a de perseguir um balão colorido e experimentar a liberdade de soltar meus pés do chão.
Usei um cipó-florido dependurado, na mais alta árvore
da minha floresta (no sentido figurado) ... dei impulso para frente (e tal era a minha vontade!), ele me levou tão alto, que
passei por uma fresta da gravidade (dentro da minha subjetividade).
Depois disso, foi só subida ... senti uma voz zumbida
no meu ouvido, sem saber o que tinha havido, vi a permeabilidade do meu corpo em relação à luz, acho que ele alcançou um certo grau, do que chamam de ambiguidade.
Me dei conta, de estar no céu, um diferente do que me
contam. E sem nenhum escarcéu, furei
algumas nuvens, deslizei por sobre as ideias dos homens, sem que eles percebessem. Foi como, se elas me mantivessem, lá no alto
por mais tempo, porque enfim, voar é ideia de todo homem.
O céu era um aquário sem água, sem peixes e sem vidro; as nuvens ficariam molhadas, os peixes morreriam e o vidro daria uma sensação de prisão - ainda assim um belo cenário. Em compensação tinha muito ar, criaturas desconhecidas ... com brisas e redemoinhos, com um rebanho, de um tipo de ovelhas de todas as cores, num pasto de tamanho infinito e muito bonito.
Não alcancei o balão colorido, a certa altura escutei
um estampido. Valeu o meu passeio, desci
sem nenhum receio, atravessei todo o algodão, que suavizou a minha queda, até devolver meus pés no
chão.
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