sexta-feira, 4 de março de 2022

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QUALQUER TEMPO É TEMPO




Com gratidão, recebo mais uma primavera, e no pacote vêm junto um verão, um outono e um inverno, inteiros.  Porque não há alegria que não venha mesclada de um pouco de tristeza.  É preciso experimentar de tudo, do doce, do amargo, do quente, do frio.  Ser forte, para suportar a parcela de dor que me cabe e aguardar pelo fim da tristeza, para então, saborear o que vem em seguida.  Exultar com a presença alegre dos pássaros e insetos visitando meu jardim, com as cores e perfumes das flores provocando meus sentidos, depois da tempestade barulhenta ou inverno rigoroso.   Saber esperar pelo tempo de colher é coisa que se aprende com o tempo, porque sem dúvida não se colhe onde não se semeou.   As ramas crescem para cima buscando o sol, enquanto as raízes devem crescer para baixo - e que no caso do homem - suas raízes ... devem crescer para dentro!

Não ficamos floridos, nem verdes, nem amarelos e nem de galhos pelados; mas na vida tudo é cíclico - essa é a certeza, de que passaremos por todas as fases!  

Ao nascermos, recebemos a plena primavera; mais tarde com o que nos acontece, passamos do verde vicejante ao maduro da experiência.  Todo esse processo nos leva ao tempo onde as flores da vontade, o calor do afã e os frutos das realizações estarão gravados na consciência; porém nada impede de darmos continuidade ao ciclo de renovações, com outras descobertas, talentos que afloram, amores que surgem.

Ao contrário da natureza, em que existe um tempo certo e específico de colher; para nós é um pouco diferente - a qualquer tempo é tempo de colheita ou de semear ou de esperar ou de viver - um privilégio que ganhamos - de podermos renascer todo ano, todo dia, a toda hora! 


arte __ rafal olbinski

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