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POR TUA CAUSA
Fostes o rio de margens distantes, que apareceu à minha frente. Suas águas eram límpidas, mas impetuosas, e sua correnteza invencível, razão pela qual submergi e voltei à tona, vezes incontáveis. Na travessia, foi certo, que minhas braçadas não eram suficientes, para cortar o volume enorme de águas corredeiras, tamanha a fúria com que elas vinham de encontro a mim, oferecendo resistência aos meus esforços.
Descia ao seu fundo cheio de belezas, subia, para avistar o quanto, ainda me faltava de distância à outra margem. Foram muitas as águas que passaram por mim, frias ou mornas, alternadas, ignoro quantos metros cúbicos foram; tanto quanto, das muitas descidas e subidas, perdi a conta.
Literalmente, não houve como não sucumbir à correnteza e ser arrastadada por ela. Confesso, que houve trechos em que me deixei levar, talvez pelo cansaço ou pelo simples desejo, de saber quais suspresas estariam à minha espera. Fiquei um bom tempo, nessa tentativa, de alcançar a outra margem, de permanecer a maior parte do tempo à superfície e tentar não me afogar, mas acabei chegando do outro lado.
Minha travessia não foi em linha reta, embora eu a tivesse traçado dessa forma. Se eu fosse desenhá-la agora, ela formaria um ângulo descendente, com um traço transversal, a partir do ponto em que mergulhei em suas águas, porque quando cheguei do outro lado e pisei a terra seca, foi muito abaixo desse ponto, não pude mais avistar o início. Como todo rio corre para o mar, por tua causa, eu me encontro agora, um pouco mais próxima das águas salgadas.
arte __ catrin wlz-stein
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