terça-feira, 15 de março de 2022

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COMO SE NADA FOSSE





Fazes parecer que estou louco, andando por aí a esmo, sem olhar onde piso, com a cabeça nas nuvens e os pés atolados no buraco.  Ando passando atestado de demência precoce, daquele que leva a garganta até a lâmina e entrega a cabeça numa bandeja de prata.  Encontro-me exposto em vitrine de liquidação, a preço insignificante.

E tu? ... andas leve! ... e sem um único suspiro de remorsos, passas à minha frente em pisadas lentas e confiantes, de quem nada deve!  Desfilas perfumada, como que desinteressada e casual, em vestidos floridos e cabelos esvoaçantes, pretextando inocência nos teus trejeitos ... mas inocente? ... é o que não és!  Tua boca mente! ... os sinceros, são teus olhos, corajosos e honestos de dizerem-me a verdade ... de me quererem amar ou de me fazerem perder!

Ai de mim, que fico entre o 'querer ouvir' e o que não ouço; entre o 'não querer ver' e o que vejo.  Tão forte por fora e tão fraco diante de ti.  É isso que me faz louco ... meus sentidos talvez me enganem ... e tu(?) ... sem  nenhuma consciência da minha perdição ... segues como se nada fosse!

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