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HUMORES DE AMOR
28/11/20
Hoje meu coração amanheceu suave e altruísta, fluem dele emanações delicadas, que atravessam o espaço e chegam ao destino: lhe beijam a face, os olhos, as mãos, afagam seus cabelos - se satisfazem com isso. Encoleirado pela razão, encontra-se centrado e comportado.
Hoje ele está assim, amanhã não sei. Pode ser que se revolte e faça partir de si, braços compridos e desesperados, em sua direção, de abraçarem seu corpo e lhe trazerem até mim, para gritar dentro da sua boca o que ele sente.
Hoje ele bate tranquilo e sozinho, num ritmo cadenciado, amanhã talvez, necessite do seu para poder pulsar. Desarrazoado, louco, não se contentará com os desejos sinceros de saúde, alegria e paz, que hoje está a enviar. Ele pedirá ou exigirá muito mais, inconformado da distância, da ausência, nem sei o que fará, porque isso doí-lhe demais. Poderá se tornar requerente, em condições extremas, por termos irrevogáveis e irretratáveis.
Às vezes penso, que ele sofre de alguma alteração, não de formação, mas de funcionamento - às vezes bate conformado, às vezes não. Ainda não inventaram um remédio, para quem sofre desse mal. Como os humores, ele tem a faculdade de subir e descer a montanha russa das emoções, ou melhor dizendo, de latejar em compassos diferentes, instigado por elas.
Hoje ele é calmo e centrado, como disse ... amanhã não sei!
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