segunda-feira, 2 de novembro de 2020




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BENDITOS PORTOS SEGUROS

02/11/20


Nos últimos tempos, até o clima está mexido, alternando-se em chuva, vento, sol, em temperaturas, nos surpreendendo com mais de uma estação por dia.

Em pleno novembro, somos forçados a colocar cobertas mais quentes e pesadas sobre as nossas camas e retirarmos dos armários, os agasalhos guardados.

Fomos afastados dos locais que frequentávamos; as reuniões, as festas foram suspensas; os cafés, almoços e jantares, foram adiados; o prazer da convivência social nos foi tirado, temporariamente.

Não se sabe, ao certo, como será o nosso retorno, a toda essa coisa prazerosa, do contato ao vivo e a cores, com pessoas que nos são caras.  Acredito que nada deva mudar, mas estou certa, de que nos tornaremos mais seletivos.  E ainda, sempre se arranja um jeitinho de diminuirmos a distância imposta.

O ser humano é movido pelo contato pele a pele,  sem ele não é possível uma vida saudável e satisfatória.  Somos alimentados não só de ar, ou do alimento boca adentro, isso só alimenta o corpo. Através das trocas de energias, que se fazem simultaneamente, sem que se perceba, quando estamos próximos ao outro, também recarregamos nossas baterias.  Essas interações têm o poder de multiplicar as alegrias e dividir as tristezas, pra que fiquem mais leves de carregar; ou simplesmente, de se esquecer tudo, dentro de um abraço, de um olhar, de um colo.  

Às vezes, nem precisamos de uma resposta, só de alguém que nos ouça, porque falar sobre o que nos castiga, despressuriza - dentro desse aconchego, nos sentimos dentro de um abraço.  Às vezes, uma palavra, pode ser um beijo; um toque suave, pode ser um carinho e preencher um buraco dolorido.  

Ouvidos caridosos, palavras, abraços, toques ... transformam-se em verdadeiros  portos seguros, sobre os quais, nossos pés necessitam pisar ... âncoras, que nos mantém na realidade, sobre a superfície.  Ao mesmo tempo, as boas palavras inflam nossas velas, porque nos fazem perceber a força que habita dentro de nós, nos fazem ver, com outros olhos, o tamanho do horizonte a ser desbravado.

Benditos aqueles que sabem nos ouvir, que sabem acalmar e acolher, nos sustentar, pra que possamos nos fortalecer e traçar novas rotas, pra vida que se apresenta à frente.



arte | anne patay





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