quarta-feira, 18 de novembro de 2020




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DESASSOSSEGO

18/11/20


Não sei o que pedir, se quero que te afastes ou se venhas ao meu encontro.  Tudo dói,  presença ou ausência, não é questão de uma coisa ou outra, se trata  de abrigar no corpo, ao mesmo tempo, um frio na barriga e um ardor no peito, como se o organismo vivesse uma espécie de desencontro de emoções e  temperaturas - porque o frio pode migrar para o peito, o ardor pode descer para a barriga. 

Também não sei por que é que assusta tanto!  Antes eu nada sentia, tudo era morno, inerte, indiferente, mas eu não tinha medo, de ter ou de perder, talvez eu já soubesse, não ter mais o que perder.  

Agora temo por tudo, por ti, por mim.  Temo pelo que ainda não tenho - isso é insano, mas é exatamente o que faz, alternarem-se frio e calor pelas partes do meu corpo. A questão és tu, meu desassossego; a questão somos eu e a minha incerteza, do que sentir, do que querer, do que esperar, do que deixar acontecer.  Me deixa ir ou lançar âncora - o meu desassossego.

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