quarta-feira, 18 de novembro de 2020



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INSUSPEITAVELMENTE

18/11/20


Sou grata à vida, que me tira amores, mas me dá novos.  A mesma vida que bate em mim, também assopra e beija com a maciez não esperada.  Às vezes, ela primeiro bate; noutras, ela primeiro assopra; ela é sábia, ela sabe do que preciso e de quanto posso suportar.  Insuspeitavelmente, ela mais dá do que tira, porque quando tira, sabe o que faz e quando dá, sabe ser generosa.

Ao chorar pela porta que se fecha e me mantém no escuro, dou as costas ao brilho das novas possibilidades; ao lamentar o tremor que abala as raízes, me deparo com as folhas tenras e verdejantes, que crescem à revelia, do vento e da estiagem.

Quando penso que me falta o chão, sinto que estou em pleno voo.  Quando penso que estou no término de uma linha, me descubro em pleno recomeço, desenhado com tintas frescas, diferente e um tanto assustador, mas que me encanta os olhos, incendeia o coração e reacende a graça. 

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