1240
TRISTE IRONIA
20/10/20
Me perco nas horas, de quantas tenho, de quantas precisaria, para tudo o que é urgente, ser feito. Me perco nos dias, da semana, do mês. Me confundo com o mês, o anterior, o próximo, até chegar no certo. Quanto ao ano? ... ah! ... nesse eu não me perco, impossível me perder, nesse ano tão inusitado, e por quê não dizer - tão bizarro, na vida de todos!
Fomos arrancados das nossas rotinas, já decoradas e executadas com o pé nas costas. Fomos arremessados contra as paredes dos limites impostos. Fomos forçados a descobrir novos caminhos, para fazermos as mesmas coisas. Fomos impedidos de fazer certas coisas, inclusive as mais prazerosas; mas aquelas que precisam ser feitas, mesmo que desagradáveis, essas, tivemos que arranjar um jeito de fazê-las.
Tivemos a boca tapada, os braços amarrados e as pernas quebradas, já não podemos mais ir onde queremos.
Eu sempre digo, que às festas, podemos escolher ir ou não; mas aos enterros, não podemos nos esquivar - quero dizer com isso, que temos escolhas: se vamos rir ou não, porque 'rir' é um verbo opcional ... e que 'chorar', é verbo conjugado no modo imperativo.
Triste ironia, hoje não temos festas e nem aos enterros podemos ir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário