terça-feira, 20 de outubro de 2020



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TRISTE IRONIA

20/10/20


Me perco nas horas, de quantas tenho, de quantas precisaria, para tudo o que é urgente, ser feito. Me perco nos dias, da semana, do mês.  Me confundo com o mês, o anterior, o próximo, até chegar no certo.  Quanto ao ano? ... ah! ... nesse eu não me perco, impossível me perder, nesse ano tão inusitado, e por quê não dizer - tão bizarro, na vida de todos!

Fomos arrancados das nossas rotinas, já decoradas e executadas com o pé nas costas.  Fomos arremessados contra as paredes dos limites impostos.  Fomos forçados a descobrir novos caminhos, para fazermos as mesmas coisas.  Fomos impedidos de fazer certas coisas, inclusive as mais prazerosas; mas aquelas que precisam ser feitas, mesmo que desagradáveis, essas, tivemos que arranjar um jeito de fazê-las. 

Tivemos a boca tapada, os braços amarrados e as pernas quebradas, já não podemos mais ir onde queremos.

Eu sempre digo, que às festas, podemos escolher ir ou não; mas aos enterros, não podemos nos esquivar - quero dizer com isso, que temos escolhas: se vamos rir ou não, porque 'rir' é um verbo opcional ... e que 'chorar', é verbo conjugado no modo imperativo. 

Triste ironia, hoje não temos festas e nem aos enterros podemos ir.




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