1231
PRESENTE E VIVO
07/10/20
Ela encostou a porta, pedindo respeito e privacidade, como sinal, de que colocava um limite físico para as ofensas. Ele, mesmo indignado com a porta fechada, passou a chave e trancou, determinando para sempre, que aquilo fora uma afronta. Nunca se perguntou sobre o por quê!
Dizem que o amor a tudo suporta. Verdade e mentira. Ele suporta a fome de pão, mas não sobrevive à fome de atenção. Ele é capaz de enfrentar os mais duros pedaços, mas não consegue transpor um obstáculo sequer, sozinho. Ele suporta longos períodos de distância, mas nem um tempo, isolado e esquecido.
A natureza do amor ainda é humana: ele precisa ser alimentado, aguado, reconhecido e em primeiro lugar - necessita saber-se, digno de respeito. Como sentimento que ainda é, ele não se entende como 'gente', se não conseguir sentir, dentro dele mesmo, isso tudo.
Infelizmente, quando as pessoas recebem o mesmo tratamento que dispensam aos outros, não o aceitam - porque não há dor, para quem aplica o golpe - só o ser atingido, é que se sente o verdadeiro peso da medida. É comum, o perpetrador das críticas mais mordazes, não aguentar nem um 'pequeno arranhãozinho', que ameace embaçar o verniz de sua imagem .. e aqui, a redundância é proposital.
Assim se dá com a plantinha, que cresce entendendo, que virão dias quentes e frios, chuvas e ventos, mas que suas raízes a manterão firme ao solo, fortes e determinadas. O mesmo com o animalzinho, que desconhece o conforto, mas sabe - ser amado por seu dono - e se sente seguro, de que este, tudo fará para protegê-lo.
Enquanto o amor for apenas humano, enquanto não adquirir características de 'sobre humanidade', ele se ressentirá, de não poder mais ser 'sentido', na plenitude que conhece ... e nostálgico, verá sempre um buraco vazio, onde antes, ele lá esteve, presente e vivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário