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IMAGEM E MODELO
20/10/20
Por mais que eu fale, o que digo, é direcionado a mim mesmo. Por mais que eu grite, é a minha consciência querendo sair das sombras, tentando me conscientizar, de que só eu posso fazê-la calar. Por mais que eu arrisque um esboço, ou pintar uma cena ou situação, me faltam tintas e utensílios.
As palavras, apesar da quantidade e qualidade, não contam tudo; os gritos serão esquecidos, talvez nem sejam ouvidos; peco por exagero e inconveniência. A obra, não traduz a totalidade dos fatos, porque além de tintas e utensílios, me falta a habilidade, para captar a transparência das cenas, comprometendo a obra.
Seria preciso emprestar-lhes meus sapatos, a minha pele, para andarem pelo caminho que trilho. Aí sim, as palavras fariam sentido, gritos não seriam necessários e a obra sairia a contento - eu acertaria nas cores e a imagem retratada sairia vibrante, sonora e quente - sobretudo fiel ao verdadeiro modelo. Porque saberiam do que falo, mais por sentirem-no, do que pela minha narrativa ou visualização do que lhes mostro.
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