1205
SE 'SIM' OU SE 'NÃO'
17/08/20
Hoje é um dia daqueles. Não sei se quero ir ou ficar, e na minha inércia, acabo por responder a pergunta que eu mesma formulei - eu fico. Se me perguntassem: se sim ou se não? ... eu responderia: talvez, ou quem sabe nem respondesse, pois estou momentaneamente, privada da capacidade de decisão.
Nem sei se quero algo doce ou salgado, quente ou frio; se é a minha língua que pede, ou se é a língua de dentro, desejosa de um outro sabor, que exige sentir um gosto diferente. Isso também desconheço - se sim ou se não. Não quero comer, embora coma, para depois me arrepender, porque o segundo estômago se encontrará tão vazio, quanto antes esteve, eu sei. Não é fome, nem vontade de comer de fato, isso é fato.
Hoje ando no meio do ar, sem nada debaixo dos meus pés - dando um salto no vazio ... ou melhor, dando um 'arrasto no vazio' - tal o comprometimento da minha mobilidade.
Quero gritar, mas falta boca para tanto. Bem provável, que até ele - o grito - me decepcionasse, eu ficaria desapontada com a sua performance, seu agudo ou rouquidão não seriam suficientes de externar o que sinto. Não grito, nem nada.
Tudo isso é coisa minha, pois passei o dia como outro qualquer. Mentirosa, eu fiz minhas tarefas, mais o que precisou ser feito, sem que ninguém soubesse do meu estado apático, nem tampouco, suspeitasse do que se passou comigo.
Vivi o dia, com uma estranha dentro de mim e a levarei para a cama, no final dele. Quero que acabe logo, para encerrar a tortura, pois hoje está sendo demais. Afinal, nem mesmo eu, me aguento. Não aguento carregar-me e ainda carregá-la, assim - sem opinião, sem se decidir nas mínimas coisas. Amanhá, será diferente. De manhã, acordarei só, na minha cama, sabendo o que quero comer e o que quero sentir, ela terá ido. Poderão refazer a pergunta - se sim ou se não? ... espero poder responder.
Nenhum comentário:
Postar um comentário