terça-feira, 18 de agosto de 2020

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SE 'SIM' OU SE 'NÃO'

17/08/20



Hoje é um dia daqueles. Não sei se quero ir ou ficar, e na minha inércia, acabo por responder a pergunta que eu mesma formulei - eu fico.  Se me perguntassem: se sim ou se não? ... eu responderia: talvez, ou quem sabe nem respondesse, pois estou momentaneamente, privada da capacidade de decisão.

Nem sei se quero algo doce ou salgado, quente ou frio; se é a minha língua que pede, ou se é a língua de dentro, desejosa de um outro sabor, que exige sentir um gosto diferente.  Isso também desconheço - se sim ou se não.  Não quero comer, embora coma, para depois me arrepender, porque o segundo estômago se encontrará tão vazio, quanto antes esteve, eu sei.  Não é fome, nem vontade de comer de fato, isso é fato.

Hoje ando no meio do ar, sem nada debaixo dos meus pés - dando um salto no vazio ... ou melhor, dando um 'arrasto no vazio' - tal o comprometimento da minha mobilidade.

Quero gritar, mas falta boca para tanto.  Bem provável, que até ele - o grito - me decepcionasse, eu ficaria desapontada com a sua performance, seu agudo ou rouquidão não seriam suficientes de externar o que sinto.  Não grito, nem nada.

Tudo isso é coisa minha, pois passei o dia como outro qualquer.  Mentirosa, eu fiz minhas tarefas, mais o que precisou ser feito, sem que ninguém soubesse do meu estado apático, nem tampouco, suspeitasse do que se passou comigo.

Vivi o dia, com uma estranha dentro de mim e a levarei para a cama, no final dele.  Quero que acabe logo, para encerrar a tortura, pois hoje está sendo demais.  Afinal, nem mesmo eu, me aguento.  Não aguento carregar-me e ainda carregá-la, assim - sem opinião, sem se decidir nas mínimas coisas.  Amanhá, será diferente.  De manhã, acordarei só, na minha cama, sabendo o que quero comer e o que quero sentir, ela terá ido.  Poderão refazer a pergunta - se sim ou se não? ... espero poder responder.



 



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