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DEUS ME LIVRE
03/08/20
O grande pavor, é desconhecer-me nas minhas mais profundas partes, aquelas que nem sequer pressuponho que coabitem, junto às conhecidas ... e assim desperdiçar a chance de saber, a quê eu vim.
Ficaria a ignorar a minha mais bela face, a nuance mais pura, a pior e a mais sórdida, e mesmo que não conhecesse tudo ... porque tudo é muita coisa; se ninguém conseguisse me entender, não seria minha culpa. Desconhecer-me, isso sim, teria sido de minha inteira responsabilidade. Frustrar as minhas expectativas, é negar e negligenciar as minhas necessidades de ser humano.
Não quero amargar o fato, de ter raízes presas a vasos pequenos, ou ramas podadas, por não caberem no espaço limitado em que vivi. Eu me odiaria, se soubesse, que não pude florir por falta de sol. Eu preciso saber, qual é o espaço adequado ao meu crescimento.
No lugar de asas, temos o pensamento, o raciocínio, a vontade. Temos as mãos, temos os braços feitos no comprimento exato (quando esticados), da distância que nos permite, girar sobre nossos pés, sem esbarrar em ninguém, e que nos dão a garantia de individualidade. As palavras proferidas por nós, devem guardar coerência e sentido, em primeiro lugar, com o que pensamos e o que sentimos.
Quanto aos demais, não importa! Tenho medo, é de passar despercebida de mim mesma, de não ser famosa dentro do meu próprio enredo, de não ser prioridade minha - e de não ser honesta comigo mesma, antes de aparentar honestidade aos outros.
Deus me livre do cilício silencioso, dos boicotes com cara de 'coisa certa' (feitos à minha pessoa), dos 'nãos' cortantes, disfarçados de sim, que dou aos outros. Eu, como minha maior inimiga.
O mal que me façam, não é tão afiado, quanto o mal, ao qual eu me permito submeter.
arte | amanda cass
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