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JANELAS LIMPAS
10/08/20
Hoje, quando saí à rua, para algumas compras básicas, um velho conhecido me perguntou: "cadê seus óculos?" e eu respondi: "era a máscara ou os óculos, e como ainda não exigem o uso de óculos, tive que escolher a máscara!"
Máscara e óculos, são coisas incompatíveis, todos sabem. Acostumada a andar sempre de óculos, geralmente de lentes escuras, que me protegem do sol, agora estou dando um descanso para eles, andando por aí, sem. Pode parecer estranho, a quem sempre se habituou a me ver escondida atrás deles e está conseguindo enxergar meus olhos, o que antes era impossível. O contrário não se dá comigo, que devido a minha escolha, ando prescindindo dos detalhes que eles me proporcionam, desde que não precise deles, é claro.
Os olhos, têm sido a única parte do rosto, que ainda tem liberdade de ficar exposta. Não são mais possíveis, as famosas 'palavras jogadas ao vento', porque elas ficam mesmo, é presas e amontoadas, na parte interna da máscara, e lá, sem dúvida alguma, não entra nem sai uma gota de vento . Muitas delas - as palavras, se perdem na linha de comunicação.
A eloquência da vez, não é a da voz, é a dos olhos, que devem ser muito mais convincentes, no que precisam expressar, no que precisa ser dito, pois não podem mais contar com a assertividade do discurso. Se antes, o olhar era importante, hoje é tudo o que temos, para nos comunicarmos com o mundo.
Cuidemos bem deles, ou delas - nossas janelas, para que conservem a transparência, por ora exigida!
arte | nina de san
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