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PATOS E CISNES
01/08/20
Essa era a nossa conversa:
"Mãe, eu sou um patinho feio?" ... "não filho, você é um cisne!" ... "eu sou um 'cines', mãe?" ... "sim filho, você é!"
E eu falava pra ele: "fecha o olho, que o soninho vem!" ... ele me dizia: "não mãe! ... eu quero ver o soninho!" Então essa conversa profunda, só terminava quando o cansaço o vencesse.
Tudo isso é pura introdução, uma lembrança fortuita que tive (aqui, totalmente desnecessária), nada tem a ver com o que virá a seguir, exceto que falarei de patos e cisnes.
*
Vou tentar desenhar aqui uma imagem, uma espécie de revés da estória original, que todos conhecem - o patinho feio. Tal imagem, não se aplica a essa minha lembrança ou ao meu filho, mas me fez pensar de uma forma diferente, a respeito da estorinha infantil.
Não quero dizer, que nenhum animal da criação de Deus seja feio, mas nessa minha versão, esse 'patinho', tendo vivido a sua vida toda, entre os patos, se acha acima do padrão de beleza, com o qual se acostumou. Sua estória é parecida com a do narciso, julga-se mais do que é.
Na estória original, existe um patinho que é feio, para os padrões dos 'patos", mas ele é um cisne.
Pois bem, podemos ter a primeira interpretação: um cisne, criado como pato, que um belo dia, se reconhece como um verdadeiro cisne - belo e majestoso. Ou ainda, numa segunda visão: a figura do patinho significando a simplicidade e inocência, de um ser que almeja aperfeiçoar-se, a ponto de se transformar em cisne.
Na minha estória, o 'patinho' é pato mesmo, mas se julga um cisne, tem um delírio visual ou coisa assim, quando vê seu reflexo na água, e acha que, como já é majestoso e perfeito, não precisa se esforçar em melhorar-se. Ao contrário do patinho da primeira estória, que um dia se reconhecerá cisne, o patinho da segunda, será sempre um pato.
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