terça-feira, 25 de agosto de 2020

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ENQUANTO HÁ

25/08/20



Na surdina, a vida interina anseia sair e se tornar permanente, ela quer ser sentida em plenitude, enquanto há.  Estivera latente, por tempos ... cansada de esperar a chegada cavalaria; da próxima estação: das condições favoráveis, de temperatura e ventos propícios; de caírem os muros; de se abrirem as portas e outros tantos motivos louváveis de procrastinar.

Vida é energia; é água, que se estagna quando parada - em poças escuras e fétidas; é dores, nos músculos e tendões - ao ficarem privados de movimento, impedindo a fluência constante da própria vida, em sua mais importante função - de fazer circular as águas e as emoções; transformando-as em força, ou em movimentos prazerosos ao corpo.

Eu quase sinto! ... Não! ... Eu sinto realmente! ... Sinto formigar as pontas dos meus dedos, como se toda a energia contida, quisesse sair de uma só vez, pelas mãos, através do rompimento da pele, próxima a unha de cada dedo.  Sinto também, os órgãos pulsarem, como se tivera outros corações; o calor vem de um pequeno vulcão, não extinto, que apenas dorme, enquanto mantém quentes, as águas subterrâneas.



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