SONHO LÚCIDO __________________________________ 470
Noite dessas tive um sonho (talvez já fosse
dia), tendia mais para pesadelo.
A única certeza que tenho dele, sonho ou
pesadelo, noite ou dia – é a sensação que ele me deixou – não vou poder
descrevê-la (nem para mim mesma consigo),
porque uma sensação ainda não alcançou o patamar de sentimento - uma sensação
não se explica, só se sente com o corpo, sem a mente entender ou classificar - é pura sensação. A mente registra como estímulos recebidos, que causam alguns processos químicos, mas não entende
como.
A princípio, me pareceu bobo, na melhor
das hipóteses. Mas ficou tão marcado,
que no decorrer do dia me importunou várias vezes.
Mas foi só quando passei por um momento
de tensão, é que pude reconhecê-la e validá-la.
Ela reapareceu na minha pele, se fazendo lembrar, da sensação do sonho
ou pesadelo que tive.
Os sonhos são particulares, o significado
que eu dou ao meu sonho, só eu posso dar.
Vou tentar descrever o cenário - um
tanto pueril, mas quanto à sensação, vou ficar a desejar.
‘Eu me vi numa rua (ou estrada), quando
dois ônibus ou caminhões (só vi a parte da frente deles), vindos de direções
diferentes, se aproximavam em grande velocidade um do outro, na mesma faixa,
ameaçando colidirem de frente. Mas eles
pararam antes disso, e se deram pequenos cutucões com suas latarias resistentes.
Me pareceu que estava num deles, aquele
que ia - mas depois do choque ou enfrentamento, eu me vi no chão – imobilizada,
num espaço muito pequeno, talvez envolta numa lataria (quem sabe de outro
veículo menor), que não me causou ferimentos físicos, mas sim, um grande
desconforto e extremo desespero por estar presa, e a qualquer momento aquele
espaço poderia diminuir e me esmagar.
O medo do choque, estar presa num espaço
ameaçador, desconforto, extremo desespero, perigo de esmagamento, tudo isso não
resume ou traduz o horror por que passei, nem físico nem sensorial. Parece que a minha cabeça seria a parte mais
vulnerável, o que mais importava naquele momento.'
No decorrer daquele dia a sensação me
torturou, sem entender como e por quê ela estava lá na minha pele, mas foi só
no segundo dia, que pude entender o
sonho. Foi quando me vi numa situação de
profundo estresse, duradoura e real, nada a ver com acidentes de trânsito e
danos físicos, ao contrário - uma situação de profundo abalo emocional. Foi aí que soube o por quê do sonho e então relacioná-lo
com o fato em si.
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