sábado, 10 de junho de 2017





SONHO LÚCIDO  __________________________________ 470








Noite dessas tive um sonho (talvez já fosse dia), tendia mais para pesadelo.

A única certeza que tenho dele, sonho ou pesadelo, noite ou dia – é a sensação que ele me deixou – não vou poder descrevê-la (nem para mim mesma consigo), porque uma sensação ainda não alcançou o patamar de sentimento - uma sensação não se explica, só se sente com o corpo, sem a mente entender ou classificar - é pura sensação.  A mente registra como estímulos recebidos, que causam alguns processos químicos, mas não entende como.

A princípio, me pareceu bobo, na melhor das hipóteses.  Mas ficou tão marcado, que no decorrer do dia me importunou várias vezes. 

Mas foi só quando passei por um momento de tensão, é que pude reconhecê-la e validá-la.  Ela reapareceu na minha pele, se fazendo lembrar, da sensação do sonho ou pesadelo que tive.

Os sonhos são particulares, o significado que eu dou ao meu sonho, só eu posso dar.

Vou tentar descrever o cenário - um tanto pueril, mas quanto à sensação, vou ficar a desejar.

‘Eu me vi numa rua (ou estrada), quando dois ônibus ou caminhões (só vi a parte da frente deles), vindos de direções diferentes, se aproximavam em grande velocidade um do outro, na mesma faixa, ameaçando colidirem de frente.  Mas eles pararam antes disso, e se deram pequenos cutucões com suas latarias resistentes.

Me pareceu que estava num deles, aquele que ia - mas depois do choque ou enfrentamento, eu me vi no chão – imobilizada, num espaço muito pequeno, talvez envolta numa lataria (quem sabe de outro veículo menor), que não me causou ferimentos físicos, mas sim, um grande desconforto e extremo desespero por estar presa, e a qualquer momento aquele espaço poderia diminuir e me esmagar.

O medo do choque, estar presa num espaço ameaçador, desconforto, extremo desespero, perigo de esmagamento, tudo isso não resume ou traduz o horror por que passei, nem físico nem sensorial.  Parece que a minha cabeça seria a parte mais vulnerável, o que mais importava naquele momento.'


No decorrer daquele dia a sensação me torturou, sem entender como e por quê ela estava lá na minha pele, mas foi só no segundo dia,  que pude entender o sonho.  Foi quando me vi numa situação de profundo estresse, duradoura e real, nada a ver com acidentes de trânsito e danos físicos, ao contrário - uma situação de profundo abalo emocional.  Foi aí que soube o por quê do sonho e então relacioná-lo com o fato em si.


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