Fragmentos 354
O ouro e os louros
Emboscadas, situações difíceis e vexatórias,
precipícios, becos sem saída, quartos escuros, monstros assustadores ... uma
sucessão de provas e testes, punições.
Eu sempre achei que haveriam dois lugares, dois
espaços, um pra cada um de nós. Essa,
sempre foi a minha luta ... duas cadeiras, dois caminhos no início, duas
verdades parciais que somadas, se completariam.
Sempre acreditei no consenso. Não
foi o que aconteceu de fato. A sua
‘visão’ venceu, porque qualquer outro parecer, foi relegado a segundo plano – e
segundo plano não existe. Ao seu lado
não existe espaço, outras cabeças não contam.
Você achou que eu disputava a primeira cadeira, o
tempo todo, era você me matar ou eu lhe matar.
Pois eu matei, matei em mim – você - junto com a chance de governarmos
juntos – seja lá o que fosse, vivermos lado a lado, partilhando um caminho,
decidido por regras justas, pesos e medidas iguais aos dois.
Tentei entender a sua filosofia, quase me perdi, enlouquecida dentro
dela, de sua ótica maluca. Você segue
sentado na primeira e única cadeia – porque, de lá ninguém lhe tira. Mas está só, todos os demais, estão bem
abaixo de você ... mas acredito que
gosta de apreciar essa paisagem!
A minha resistência você mastigou, enquanto queimava o
meu estandarte!
O ouro e os louros são seus! Ok, você é o dono do ‘território’, suas posses tomaram o seu coração, não cabe mais nada – acho que nem você mesmo, entra lá, de vez em
quando! Você é um ser híbrido, e ainda
bem que é!
Você fez as leis, é a pessoa a quem tudo é permitido
fazer; desde manter a sua espontaneidade de caráter, até a satisfação de suas
vontades. Um poder, a você concedido, por
você mesmo, em detrimento das necessidades alheias. Um ser com particularidades mesquinhas - humilhantes
e desqualificadoras em relação aos outros.
Um ideal próprio dos tiranos! Como posso confrontá-lo, contradizê-lo? Se é nisso em que acredita? Não, não posso! Eu destruiria a sua realidade! Um dia ela será destruída, mas não por mim!
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