Sete maneiras inteligentes de lidar com pessoas tóxicas
A convivência com os altos e baixos
de uma pessoa e com sua constante flutuação de humor pode ser um desafio e
tanto. Mas é importante ter em mente que esta pessoa temperamental e negativa
talvez esteja passando por uma fase difícil da vida – que pode envolver uma
doença, um estado de ansiedade crônica, ou mesmo a carência de amor e apoio
emocional. Tal pessoa precisa de alguém que a ouça, que lhe dê apoio, e que
cuide dela (mesmo assim, seja qual for a motivação deste comportamento
temperamental e negatividade, haverá momentos em que você terá necessidade de
se proteger disso tudo).
Porém, há outro tipo de comportamento
temperamental e negativo: o do indivíduo que usa suas oscilações de humor como
pretexto para intimidar e manipular os outros. Esta tendência à flutuação de
humor acaba perpetuando um clima propício aos abusos e à infelicidade.
Observando esta pessoa com atenção, você notará que a atitude dela é
completamente autocentrada. A prioridade dos relacionamentos que ela mantêm
estará associada ao modo como as pessoas de seu convívio podem servir para atender
às suas necessidades egoístas. É neste tipo de relacionamento tóxico que eu
gostaria de centrar o foco, neste texto.
Estou convencido de que ninguém tem o
direito de impor suas nocivas oscilações de humor (tais como e-mails com
“correntes” de mensagens ameaçadoras) a outrem, sob quaisquer circunstâncias.
Portanto, como lidar bem com as consequências nocivas do implacável veneno
destilado por estas pessoas?
1. Afaste-se desta pessoa.
Se você convive com alguém que sempre
tenta criar um clima emocional destrutivo, não tenha dúvidas: esta pessoa é
tóxica. Se o comportamento dela lhe causa sofrimento, e a compaixão, a
paciência, os conselhos e a atenção que você lhe dedica não parecem surtir
efeito – e, além disso, ela não parece dar a mínima –, é o momento de você se
perguntar: “Preciso desta pessoa em minha vida?”
Quando você se afasta de uma pessoa
tóxica num determinado ambiente, o ar fica muito mais arejado.
Sempre que a situação lhe permitir,
ignore-a e siga em frente com sua vida. Tome uma atitude enérgica, e
identifique o momento de dar um basta. Afastar-se de uma pessoa tóxica não
significa que você a odeia, ou que você lhe deseje algum mal; isso simplesmente
quer dizer que você dá valor ao seu próprio bem-estar.
Uma relação saudável envolve reciprocidade; deve haver espaço para dar e receber, sem que uma das partes esteja sempre doando, e a outra sempre recebendo. Se, por um motivo qualquer, você tiver de conviver com uma pessoa tóxica, leve em consideração os aspectos abaixo.
Uma relação saudável envolve reciprocidade; deve haver espaço para dar e receber, sem que uma das partes esteja sempre doando, e a outra sempre recebendo. Se, por um motivo qualquer, você tiver de conviver com uma pessoa tóxica, leve em consideração os aspectos abaixo.
2. Pare de fingir que o comportamento desta pessoa não é nocivo.
Se você descuidar, a pessoa tóxica
poderá recorrer a atitudes temperamentais com o objetivo de receber tratamento
preferencial, já que… bem… acalmá-la pode parecer mais uma tarefa mais fácil do
que ter de ouvir resmungos. Mas não se engane: no longo prazo, quem vai sofrer
com isso é você. Uma pessoa tóxica não mudará de comportamento se estiver
obtendo recompensas pelo fato de não mudar. Tome a firme decisão de não se
deixar influenciar pelo comportamento desta pessoa. Pare de “pisar manso”
quando estiver ao lado dela, e deixe de ser condescendente com seu
comportamento agressivo.
O esforço de tolerar uma pessoa
negativa, e que sempre cria drama diante das situações, nunca é compensador. Se
uma pessoa com pelo menos 21 anos de idade não é capaz, de modo geral, de ter o
comportamento de um adulto sensato e confiável, é chegada a hora de adotar a
recomendação a seguir.
3. Diga a ela o que você pensa, de modo claro e sem rodeios!
Defenda-se. Há pessoas dispostas a
qualquer coisa para obter ganhos pessoais às custas dos outros – furar fila,
furtar dinheiro ou bens, praticar bullying, menosprezar alguém ou fazê-lo
sentir-se culpado etc. Não tolere esse tipo de comportamento. Na maioria dos
casos, estas pessoas sabem que estão agindo de modo errado e, se colocadas
contra a parede, tendem a recuar em suas atitudes nocivas. Em muitas interações
sociais, as pessoas tendem a tolerar os indivíduos tóxicos, até o momento em
que alguém toma uma atitude, e diz o que pensa, com clareza. Você pode muito
bem assumir este papel!
A pessoa tóxica poderá usar a raiva
como uma estratégia para influenciar você, não lhe dar ouvidos quando você está
tentando dizer algo, ou mesmo interromper o que você está dizendo, e começar a
dizer coisas negativas a respeito de algo a que você dá valor. Se você disser
claramente o que pensa, e enfrentar diretamente este comportamento
temperamental, ela poderá ficar surpresa, ou mesmo chocada, por você ter
invadido o “território” dela. Seja como for, é importante ser claro e direto,
sem fazer rodeios.
Se, ao relacionar-se com esta pessoa,
você jamais fizer qualquer referência a este comportamento tóxico, corre o
risco de enredar-se nas manipulações dela. Por outro lado, se você contesta
abertamente estas atitudes, ela poderá eventualmente se dar conta do impacto
negativo de tal comportamento. Por exemplo, você pode dizer:
§
“Você parece zangado(a). Tem algo te incomodando?”
§ “Você parece entediado(a). O que eu estou dizendo soa desnecessário pra você?”
§ “Você está me aborrecendo com seu comportamento. Era esta a sua intenção?”
§ “Você parece entediado(a). O que eu estou dizendo soa desnecessário pra você?”
§ “Você está me aborrecendo com seu comportamento. Era esta a sua intenção?”
Frases diretas como estas podem
desarmar a pessoa, caso ela realmente esteja usando seu comportamento
temperamental como um modo de manipulação. Tais comentários podem também servir
de porta de entrada para que você possa ajudá-la, caso ela esteja realmente
enfrentando um problema sério.
Ainda que a pessoa lhe pergunte: “O
que você quer dizer com isso?”, e negue a própria atitude, pelo menos você a
alertou que este comportamento já é um problema bem conhecido de todos que a
cercam, e que não é somente uma estratégia que ela pode usar para manipular os
outros sempre que quiser.
Mas se ela continuar negando, talvez
seja o momento de…
4. Ser mais enérgico(a).
A sua dignidade poderá ser
ridicularizada e violentamente atacada, mas ninguém poderá tirá-la de você, a
menos que você permita. Trata-se, aqui, de encontrar energia para defender os
limites do seu território.
Deixe muito clara a sua recusa a
insultos ou a atitudes de menosprezo. Para ser sincero, nunca tive bons
resultados no enfrentamento com uma pessoa realmente tóxica (o pior tipo de
gente que existe), enquanto ela me agredia. A melhor reação que já tive foi a
seguinte frase, dita em tom irritadiço: “É uma pena que você tomou meu
comentário de modo pessoal”. Uma estratégia muito mais eficaz foi abortar a
conversa, num tom de “delicadeza nauseante”, ou de modo simplesmente abrupto. A
mensagem será clara: não haverá recompensa para as “alfinetadas” desta pessoa,
e você se recusa a participar de um jogo de manipulações.
A pessoa realmente tóxica tende a
envenenar todas as pessoas ao redor; se você o permitir, será afetado por este
veneno. Se você já recorreu à argumentação, e isso não surtiu efeito, não
hesite em afastar-se desta pessoa e ignorá-la, até que ela perceba a
necessidade de mudança de atitude.
5. Não tome este comportamento tóxico de maneira pessoal.
O problema é deste indivíduo, não
seu. LEMBRE-SE DISSO.
Há grandes chances de que esta pessoa
tente insinuar que, de algum modo, você é quem agiu errado. E, já que o
sentimento de culpa tende a ser um peso considerável para a maioria das
pessoas, a mera insinuação de ter feito algo errado poderá abalar sua
autoconfiança e minar sua determinação. Cuide para que isso não aconteça com
você.
Lembre-se: se você não toma nada de
maneira pessoal, isso lhe dá uma enorme liberdade. A maioria das pessoas
tóxicas age de modo negativo não apenas com você, mas com todos ao redor. Mesmo
quando a situação parece ser de natureza pessoal – mesmo que você se sinta
diretamente insultado(a) –, em geral, isso não tem nada a ver com você. As
coisas que esta pessoa diz e faz, e as opiniões dela não passam de um reflexo
dela própria.
6. Exercite a compaixão.
Há momentos em que vale a pena
demonstrar empatia pela pessoa tóxica que claramente está enfrentando situações
difíceis, ou sofrimentos por causa de uma doença. Não resta dúvida de que
algumas destas pessoas estão, de fato, angustiadas, deprimidas, ou até mesmo
doentes mental ou fisicamente; ainda assim, é preciso distinguir entre
problemas legítimos e a maneira como esta pessoa o trata. Se você seguir
justificando e relevando atitudes de uma pessoa pelo fato de ela estar
angustiada, fisicamente doente, ou mesmo deprimida, isso servirá de estímulo
para que ela use a própria circunstância infeliz como um meio para atingir os
fins.
Há alguns anos, trabalhei como
voluntário num hospital psiquiátrico para crianças. Atuava como orientador para
Dennis, um garoto que recebera o diagnóstico de transtorno bipolar. Às vezes,
Dennis se revelava um menino difícil, e, no momento em que seus conflitos
vinham à tona, xingava a todos, com palavras obscenas.
Ninguém nunca o advertia sobre suas
explosões; àquela altura, eu tampouco fazia isto. Afinal, ele é clinicamente
“louco”, e não tem controle sobre isso, não é mesmo?
Certo dia, levei Dennis a um parque,
e começamos a brincar com uma bola. Uma hora depois, ele teve uma de suas
crises, e começou a me xingar. Em vez de ignorar, eu lhe disse: “Pare de me
agredir, e de me xingar. Sei que você é um menino legal, e que pode ser bem
mais legal do que está sendo agora”. Ele ficou de queixo caído, e tinha uma
expressão atônita no rosto. Segundos depois, voltou a si e me disse: “Desculpe
por ter sido agressivo, sr. Marc”.
A lição que tirei deste episódio: não
é possível “ajudar” uma pessoa por meio do perdão incondicional a tudo que ela
faz só porque ela tem problemas. Há muita gente passando por extremas
dificuldades, mas que evita envenenar as pessoas com quem convivem. Só é
possível agir com verdadeira compaixão quando se consegue impor limites. No
longo prazo, uma postura de excessiva tolerância e condescendência não é
saudável nem sensata para nenhuma das partes.
7. Reserve um tempo para si mesmo(a).
Caso você tenha de viver ou trabalhar
com uma pessoa tóxica, e não lhe restar alternativa, lembre-se sempre da
importância de reservar um tempo para si mesmo, para descansar e recarregar as
baterias. Viver sempre o papel de um “adulto centrado e sensato” diante de uma
pessoa temperamental e tóxica pode ser uma tarefa exaustiva; se você não tomar
cuidado, este veneno pode infectá-lo. Lembre-se que mesmo as pessoas que estão
enfrentando problemas legítimos e doenças clínicas conseguem compreender que
você também tem problemas – o que significa que você também pode “sair de
cena”, sempre que for necessário.
Você merece este distanciamento. Para
poder refletir em paz, livre de pressões externas e de comportamentos nocivos.
Sem ter de resolver quaisquer problemas, lutar pela preservação de seu
território, ou agradar a ninguém. Há momentos em que você precisa simplesmente
achar um tempo para si mesmo(a), longe do mundo agitado em que vive – mundo em
que o tempo individual de cada pessoa não é uma prioridade.
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