Me propus a escrever
meu ‘livro’ – determinei alguns fatos principais, mas desconheci os menores - seus
desdobramentos secundários, como acontece a todas as pessoas.
Em algum momento da trama, me vi co-escrevendo minha própria
história, a quatro, seis, inúmeras mãos. Entraram em cena/ação, outros
participantes, e a minha história não é mais só minha.
Na minha cabeça eu tinha o começo, meio e fim –
mas ao transportá-la pras páginas em branco, ela me surpreendeu com fatos e sentimentos
que não havia previsto. Nessa hora senti
que perdia o controle da minha obra! O
fundo musical mudou, não era mais o que eu escolhi, fui arrancada bruscamente
do palco que construí, e sabe aquele controle?
Aquele que achei que tinha? Pois
é! Eu admito - nunca tive!
Mas que noção de medida de tempo mais ilógica que tenho. Quando me parece que me demorei tempo demais
em situações desagradáveis - as quais não escolhi viver ... enquanto que as prazerosas - de tão fugidias - posso até duvidar de sua existência!
Inocência ou desconhecimento? ... boa vontade ou imperícia? ... tudo em
níveis altos ... consumidos em capítulos, que ao meu ver - seriam perfeitamente
dispensáveis. Mas tenho também os meus surtos de
nostalgia - onde brota saudade de alguma parte do meu ‘rascunho’ ... saudade do
que quase aconteceu. Do que talvez pudesse ter sido diferente!
Certas pessoas, são eleitas por nós, esperamos que nos acompanhem num ‘lado a lado’ pela vida, mas acabam por trilhar caminhos diferentes dos nossos, num ‘mais atrás’ ou ‘à frente’. Outros, que nem suspeitávamos - nos surpreendem, porque saem da situação de coadjuvantes, e se propõe em dividir o protagonismo conosco, num exemplo de companheirismo e lealdade, numa profunda sincronia. Pessoas que nos afetam - aquelas que sabem que o fizeram e outras que não sonham o quanto nos inspiraram. Nossos universos se tocam e formam territórios comuns!
Ainda assim é minha obra!
Fica a experiência - o rascunho ao ser passado a limpo é
sempre muito diferente da história final.
Depois de algumas dezenas de anos escritos, percebemos que
somos o que somos hoje, por termos passado por tudo o que passamos – eu me
refiro a parte doce e sábia em que nos transformamos – porque as coisas 'boas',
adoçaram nossa boca, mas são as coisas 'não tão boas', que forjam nosso caráter.
Não sou mais aquela quem iniciou o primeiro ato, mas
estranhamente, ainda sou eu mesma!
Embora me pegue, fazendo coisas que não esperava, vivendo em
lugares em que não queria. Ainda assim,
sou eu e minha história!
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