segunda-feira, 17 de outubro de 2016


Fragmentos - 291 _________________







                                              _________________  A minha casa



Moro numa casa muito grande, com vários cômodos.  Quando estiver perdida dentro deles, não preciso de ninguém pra me achar – me deixe!

Tenho aqueles que estão nos andares de cima e os que ficam no porão. 

Têm os que estão sempre abertos, que não precisam de chave, sei como entrar e sair deles.  Lá eu guardo as lembranças quentes e doces, onde me sento confortável, ouvindo música e revendo fotos antigas.  São nesses mesmos, em que posso permitir a entrada de outras pessoas.

Têm aqueles que estão trancados à chave - escondida de mim mesma – dos quais só vejo pela fresta da porta, quanta escuridão e barulhos estranhos trazem confinados.  Nunca me arriscaria a entrar desacompanhada num desses – tenho medo de não achar a saída e ficar por lá – me dão a impressão de que têm chão falso e paredes de ar.

Mas tenho também, os que eu conheço as dimensões, porque já os explorei antes, e me arrisco às vezes, em visitá-los.  Uso o molho de chaves que carrego comigo ... uma pra cada um!  Cada vez que entro num deles, reconheço um pouco mais do que guardo lá, faço alguma arrumação, mas ao sair, passo a chave na fechadura pra que fique bem guardado – me certifico de que dei duas voltas e que ninguém entre.

Desço ou subo as escadas,  volto à sala de estar de casa ... que é onde a vida acontece – onde os fatos ainda estão - onde eles ficam enquanto não resolvo em que cômodo colocá-los! 




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