Amar é desapegar na medida certa
Dependência emocional, ciúmes, possessividade, controle e desconfiança! Quantos dos nossos relacionamentos são marcados por essas características tão destrutivas? Qual seria a origem de tantos males? Por que muitas vezes não conseguimos viver formas mais livres e genuínas de amor? Por que nos custa tanto o desapego, tão necessário às relações saudáveis?
O Psiquiatra suíço, C. G. Jung sabiamente afirmou que “as grandes decisões da vida humana estão, em regra, muito mais sujeitas aos instintos e a outros misteriosos fatores inconscientes do que a vontade consciente, ao bom-senso, por mais bem-intencionados que sejam”. Assim, para entendermos esta questão precisaremos ir a fundo nos aspectos que permeiam o relacionamento humano.
Somos essencialmente sociais e subjetivos! Quando bebês, carregamos dentro de nós um instinto de ligação e formamos com nossos cuidadores uma importante relação de apego. Ao mesmo tempo, eles também se ligam a nós. Este elo que se forma, fundamental ao cuidado e à proteção da vida, poderá oferecer ao indivíduo um senso de segurança, que lhe garantirá a sobrevivência psíquica, ainda que em ambientes ameaçadores.
Dominados por uma cultura predominantemente patriarcal, desde cedo impomos regras para a expressão do amor. Tendemos a ditar o que é certo e errado, a traçar curvas de normalidade para os comportamentos, enquadrar e organizar as experiências humanas em padrões morais, estéticos, herméticos e racionalizados. O conhecimento e o relacionamento por meio da experiência dos sentidos e das sensações, mais ligados à experiência do matriarcal, ficam negligenciados e, por consequência, perdemos o contato com nossa essência e com os caminhos do amor verdadeiro.
Precisamos de apego para aprender o desapego! Para amar é preciso “desapegar na medida certa”! Nem demais e nem de menos! Se amar é “Ser com o Outro”, há de se ter espaço para a expressão das individualidades e isto implica liberdade, segurança e confiança. Seja e deixe o Outro Ser! Só assim permitiremos que tanto nós quanto o Outro possa se sentir feliz, seguro e realizado. Para que o amor e o encontro sejam o que têm de ser: um momento de plenitude e estímulo aos nossos potenciais de realização humana.
Para que o amor seja nosso antídoto e não nosso veneno. Para que ele permita a transformação e não a estagnação. Para que ele seja a luz que ilumina o nosso caminho e não as trevas que nos lançam na escuridão.
Para que através do amor possamos reconhecer o que há de melhor no Outro e em nós e assim, nos libertemos dos grilhões patriarcais da nossa história pessoal e de toda humanidade.
Para que as novas relações não sejam uma reprise dos nossos primeiros vínculos desajustados e insuficientes, mas que sejam nossa verdadeira salvação!
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