domingo, 13 de fevereiro de 2022

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UM CONVITE AO VENTO





A força do sol tentava se impor ao vento brando da manhã; esforçava-se para me tirar da cama, muito antes da hora necessária.  Uma vez desperta, me foi impossível dormir mais um pouco, debaixo do grande calor.  O sol fazia parecer, que o vento trazia mentiras presas, entre os dentes, tentando me convencer de que refrescaria o dia, no decorrer das horas.

Ao que pretendia dissimular, era o vento, uma figura decorativa e bem secundária, diante do jugo que conduzia o dia, sob o poderio do sol com seus braços fortes e vigorosos de gigante, como vetores, por onde descia um material incandecente, disparado democratiamente, sobre aquele pedaço da face da terra.  O vento, parecia mais uma criancinha com membros pequenos e débeis, impotente em relação àquela tamanha força, que ousava enfrentar.  Era um convite explícito, para que ele se colocasse no seu devido lugar e avaliasse sua real dimensão - de pequena brisa, pois esteve muito claro, desde logo, quem venceria aquela disputa.

Naquele dia, ele seria um coadjuvante esforçado, com sua devida importância, é claro - porém sem muita chance de modificar a determinação, das chispas que desceriam do céu, em forma de setas de fogo.  Os cães se deitariam à sombra, os pássaros procurariam os galhos mais cheios de folhas.  Vapores subiriam para a atmosfera já carregada, arrepios seriam sentidos pela pele suada, os músculos iriam ter muita dificuldade de se movimentarem e na verdade os corpos pesados e inchados, se arrastariam pela superfície, que quase se derretia sob os pés, de quem se atrevesse a caminhar sobre ela.




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