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FIOS E ASAS
Quem me visse, naquele exato momento, poderia julgar que eu 'secava', com meu olhar fixo e sem expressão, um determinado ponto ou pessoa. Meus olhos estavam ali, mas a mente não ... estava certamente, a alguma distância razoável dali. Talvez, nem eu mesmo soubesse onde! Para trazer-me de volta, seria preciso ter nas mãos, o fio que liga e mantém preso, o pensamento aos meus olhos vazios ... para que ele não voasse de uma vez por todas e se perdesse, pelos mares, terras e ares. Posso garantir, que naquele instante, o fio era longo e as asas do pensamento, potentes. Nada que passasse à minha frente, poderia trazer-me de volta ou deter-me no voo. Nem mesmo um fio alheio ou um outro olhar.
Com uma das extremidades do fio esticado nas minhas mãos, devo afrouxá-lo aos poucos, sem oferecer resistência à sua consistência e assim, ir trazendo-o, com segurança, enrolado e guardado de volta ao carretel, na hora devida.
Aos pássaros, foram dadas asas ... aos homens, o pensamento.
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