Acreditar nas mesmas coisas
faz sincronizar os passos
no mesmo ritmo, direção e sentido
faz querer trilhar a mesma estrada
descer e subir juntos.
Dois caminhos num só.
Se torna bom e mais alegre
às margens, pequenas flores.
Descendo e subindo, juntos
nem é tão difícil transpor
o caminho longo.
Mas em algum momento
o caminho quer dividir-se
e mesmo assim
continuam lado a lado.
A somatória das forças
já não é positiva.
O vaso cai e se quebra
uma, duas, muitas vezes
pelas rupturas escorre a água
que mataria a sede
que irrigaria as flores.
Pelas mesmas quebraduras
entram tristeza e solidão
de caminhar só, acompanhado
carregando um vaso vazio.
Os dedos macios até tentam
mas não convencem
quando a boca é ferina.
Não há afago que cure
o estrago de uma só palavra.
A cobra abocanha o próprio rabo
nem percebe que ataca a si mesma
e se afasta do que deseja.
Dois caminhos num só, já não cabem
não há mais 'caminho', apenas
uma faixa de cascalho irregular
poeirenta e imprecisa
que fere os pés e cansa
por não dar em lugar nenhum.
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