domingo, 16 de abril de 2017

'UM OLHAR SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO' ___________
32 - O INEVITÁVEL E O OPCIONAL







Um dor  lancinante e cáustica, latente, 
pontiaguda, perfurante, rígida e aguçada,  
penetrante, dilacerante – provocada por arma forjada em têmpera de fogo.




Dentre todos os seres da criação, os do reino hominal, não são os únicos que sofrem, porém são, os únicos que têm consciência do próprio sofrimento. 

Se “a dor é inevitável, o sofrimento é opcional” ... desatrelar esse par, chegar ao estágio da dor não ser mais acompanhada  pelo sofrimento – é um processo constante, demorado e com muitas frustrações pelo caminho.

A dor acontece no corpo e na alma.  O ‘não sofrimento’, se dá no intelecto - o sentir pensado – o entendimento dos fatos = a nossa percepção dos acontecimentos = como interpretamos o que nos ocorreu – ‘o que fazemos com o que nos acontece’.

O corpo e a alma são receptivos às sensações que nos causam emoções, a partir delas é que elaboramos os sentimentos.  Esse processo se dá de uma forma, que não sabemos muito bem como acontece, poderíamos dizer ‘automática’.

Esse ‘sentir’ deve passar da fase ‘tátil’ (sentida), pra fase ‘racional’ (consentida). Devendo passar por um filtro, que eu chamaria de ‘consentimento’. 

Quando ‘consentimos’ sentir as coisas boas, não temos problema algum.  Mas quando as desagradáveis nos atingem, a dor “fere fundo que nem punhal”.  Como se a ofensa tivesse percorrido uma avenida larga e reta, da carne em direção direta ao coração.

Uma vez a dor,  instalada no coração, temos que nos deslocar até ela, pegá-la praticamente no colo e tratá-la.  É isso que é difícil, algumas dores causadas por certos males, ou pela nossa simples fragilidade, são difíceis de tratar – os ‘medicamentos’ (tudo o que se diga ou faça pra curar ou amenizar) parecem  não surtir efeito.

O nosso desafio começa nesse ponto.  Entra em cena a nossa criatividade em manipularmos os recursos disponíveis, e procurar por aqueles que ainda não temos – pra se ‘inovar’ se preciso for – e produzir um novo unguento.

Inovar,  não é inventar do nada, algo imaginário, uma panaceia ... é criar algo que faça sentido, que seja eficaz com relação à dor, com base nos recursos, que temos em nós e naqueles que nos são oferecidos.


Podemos levar um longo período pra obter essa transformação, talvez uma vida inteira.  Algumas dores podem doer pra sempre, ou durarem enquanto durar a nossa consciência.


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“fere fundo que nem punhal” : alusão à “Kid cavaquinho” de João Bosco e Dudu Nobre




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