PSI __________________________________ 18 - Minhas considerações
A raiva pode ser o disfarce de uma tristeza que não conseguimos suportar
Há limites e limites. Quantas vezes
não chegamos à nossa capacidade máxima de suportar um mau trato, uma
indiferença, uma agressão velada? Quantas vezes já chegamos à situação de não
ter mais absolutamente nada para dar e, mesmo assim, nos deparamos com o outro
a esperar de nós mais uma prova, outra necessidade a ser suprida, outra
urgência que não pode esperar?
Ahhhh… sim, e a culpa é inteiramente
nossa, caso não tenhamos a capacidade de colocar pontos finais onde já não
cabem mais “pingos nos is”. A questão é que chega uma hora em que, ainda que
não sejamos capazes de encerrar os ciclos, as nossas fontes de energia vão
acabar se esgotando. E, ainda que sejamos teimosos o suficiente para continuar
funcionando no “stand by”, uma hora ou outra a gente vai ficar tão seco, tão
vazio que não haverá mais jeito de deixar pra lá.
Tristezas não reconhecidas vão
deixando a gente com pequenas sequelas afetivas que acabam por aflorar no
corpo, a fim de que não tenhamos mais como ignorá-las. Os músculos ficam
tensos, a respiração perde o compasso, os batimentos cardíacos ficam alterados.
E essas reações físicas atingem os nossos pensamentos em cheio, fazendo-nos
ficar em estado de alerta. A nossa incapacidade de estabelecer linhas de
limitação aos abusos vai criando por debaixo das inúmeras camadas de
insatisfação, abandono e tristeza um sentimento de raiva.
A raiva é aquela coceira insuportável
num ponto das costas que a gente não alcança. A raiva é aquele amargor no peito
que precisa vazar para fora de alguma forma, antes de nos envenenar. A raiva
deixa a gente fora do eixo; tudo irrita além do normal; nada parece satisfazer.
A raiva mina a alegria, rouba o prazer das pequenas, médias e grandes coisas. A
raiva azeda a vida.
Quando estamos encharcados de raiva,
sentimos alguns poderes momentâneos; somos acometidos por inesperados rompantes
de coragem e alguns pensamentos perpassam por nossas mentes, fazendo-nos crer
que realmente não dá mais, que já deu, que não é possível adiar uma atitude. Só
que a raiva é fogo de palha. No fim, a gente acaba rosnando, mas não arranja
força para largar aquele osso que até já se esfarelou entre os nossos dentes
cerrados de rancor.
Inúmeras vezes ficamos “raivosos” por
não sermos hábeis o suficiente para interpretar uma tristeza. Outras vezes,
esse comportamento irritadiço e impaciente pode estar servindo de máscara para
uma tremenda insegurança em nossa própria força para mudar o que não nos serve
mais. Ainda, em outras circunstâncias, é a culpa que nos faz eriçar os pelos e
cobrir as feridas com espinhos de proteção.
A agressividade, em incontáveis
casos, é apenas o disfarce para um esgotamento emocional. A gente precisa
arranjar um jeito de aprender a reconhecer que fragilidade e fraqueza não são a
mesma coisa. A gente precisa descobrir uma forma de se perdoar por não ter mais
o que ofertar. A gente precisa respirar num ritmo possível e parar de arrancar
a casquinha de um ferimento que vem lutando há muito tempo para cicatrizar.
Que hoje seja esse dia! O dia em que
nos foi destinada a libertação de tudo o quanto nos faça ser alguém que não conseguimos
mais reconhecer. Que hoje, ao deitarmos nossas cansadas cabecinhas no
travesseiro sejamos capazes de tomar a corajosa decisão de cortar fora o que
nos fere, sem mágoa, sem rancor, sem medo de ficar a sós com a nossa misteriosa
e própria pessoa. Que hoje a nossa tristeza seja permitida para que possa,
enfim, ter a chance de ser compreendida, apaziguada e começar a ser curada.
http://www.contioutra.com/raiva-pode-ser-o-disfarce-de-uma-tristeza-que-nao-conseguimos-suportar/
18 _____________________________________ Minhas considerações
Para os Neuróticos Anônimos, "depressão é raiva congelada", um perigo ao qual todos estamos expostos.
________________________________________________________
Importante: Para Neuróticos Anônimos, neurótica é qualquer pessoa cujas emoções interferem em seu comportamento, de qualquer forma e em qualquer grau, segundo ela mesma o reconheça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário