Quando a consciência
se liberta da sua identificação com formas físicas e mentais, torna-se aquilo a
que poderíamos chamar consciência pura ou iluminada, ou presença. Isso já
aconteceu a alguns indivíduos e parece destinado a acontecer brevemente a uma escala
muito maior, embora não haja garantia absoluta de que acontecerá.
A grande maioria dos
seres humanos continua presa nas garras do modo egoico da consciência:
identificada com a mente e dominada pela mente. Se os seres humanos não se
libertarem da mente a tempo, serão destruídos por ela. Passarão por
experiências cada vez mais intensas de confusão, conflito, violência, doença,
desespero e loucura.
A mente egoica é
como que um navio a afundar. Se não o abandonar, afunda-se com ele. A mente
egoica coletiva é a entidade mais perigosamente louca e destrutiva que algum
dia habitou este planeta. O que pensa que acontecerá ao planeta se a
consciência humana continuar igual ao que é hoje?
Eckhart Tolle (O
Poder do Agora, pág. 114)
O corpo de dor nas
crianças
O corpo de dor (*)
das crianças manifesta-se por vezes sob a forma de rabugice ou isolamento. A
criança fica mal-humorada, recusa-se a interagir e pode sentar-se a um canto
sozinha, agarrada a uma boneca ou a chuchar no dedo. Também se pode manifestar
como um ataque de choro ou de fúria. A criança grita, pode atirar-se para o
chão ou tornar-se destrutiva. Quando vê as suas necessidades frustradas, tal
pode facilmente desencadear o corpo de dor e, num ego em desenvolvimento, a
força da necessidade pode ser muito poderosa. Os pais podem ficar impotentes a
olhar, sem compreender nem acreditar no que estão a ver, enquanto o seu anjinho
se transforma em apenas alguns segundos num monstrinho. «De onde vem toda esta
infelicidade?», interrogam-se. Em maior ou menor proporção, vem da quota-parte
do corpo de dor coletivo da Humanidade pertencente à criança e que remonta à
origem do ego humano.
Porém, a criança
pode também já ter absorvido dor dos corpos dos pais e, portanto, estes podem
ver na criança um reflexo daquilo que também existe dentro deles. As crianças
muito sensíveis são particularmente afetadas pelo corpo de dor dos pais. Terem
de assistir ao drama e à loucura dos pais causa-lhes uma dor emocional quase
insuportável, por isso costumam ser estas crianças mais sensíveis que se tornam
adultos com corpos de dor densos. As crianças não se deixam enganar pelos pais
que tentam esconder delas o seu corpo de dor, e que dizem um ao outro: «Não
podemos discutir à frente dos miúdos.» O que isto geralmente significa é que,
enquanto os pais aparentam estar a conversar de forma educada, a casa está
impregnada de energias negativas. Os corpos de dor reprimidos são altamente
tóxicos, mais ainda do que os corpos expressamente ativos, e essa toxicidade
psíquica é absorvida pelas crianças e contribui para o desenvolvimento dos seus
próprios corpos de dor.
(*) Campo energético
de emoções antigas negativas
Eckhart Tolle (Um
Novo Mundo, pág. 141)
À superfície, o
momento presente é «o que acontece». Dado que o que acontece está continuamente
a mudar, chegamos à conclusão de que cada dia da nossa vida é feito de milhares
de momentos, em que diferentes coisas acontecem. O tempo é visto como uma
sucessão interminável de momentos, alguns «bons», outros «maus». Porém, se
olharmos com mais atenção, ou seja, através da nossa experiência imediata,
descobrimos que não há vários momentos. Descobrimos que só há sempre este momento.
A vida é sempre agora. Toda a nossa vida se desenrola neste contante Agora. Até
os momentos passados ou futuros só existem se nos lembrarmos deles ou se os
anteciparmos, e fazemo-lo pensando neles no único momento que existe: o momento
presente.
Então porque nos
parece que há tantos momentos? Porque o momento presente é confundido com o que
acontece e com o conteúdo. O espaço Agora é confundido com o que acontece nesse
espaço. A confusão do momento presente com o seu conteúdo dá origem não só à ilusão
do tempo, mas também à ilusão do ego.
Eckhart Tolle (Um
Novo Mundo, pág. 169)
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