quinta-feira, 4 de agosto de 2016









Quando a consciência se liberta da sua identificação com formas físicas e mentais, torna-se aquilo a que poderíamos chamar consciência pura ou iluminada, ou presença. Isso já aconteceu a alguns indivíduos e parece destinado a acontecer brevemente a uma escala muito maior, embora não haja garantia absoluta de que acontecerá.
A grande maioria dos seres humanos continua presa nas garras do modo egoico da consciência: identificada com a mente e dominada pela mente. Se os seres humanos não se libertarem da mente a tempo, serão destruídos por ela. Passarão por experiências cada vez mais intensas de confusão, conflito, violência, doença, desespero e loucura.

A mente egoica é como que um navio a afundar. Se não o abandonar, afunda-se com ele. A mente egoica coletiva é a entidade mais perigosamente louca e destrutiva que algum dia habitou este planeta. O que pensa que acontecerá ao planeta se a consciência humana continuar igual ao que é hoje?

Eckhart Tolle (O Poder do Agora, pág. 114)


O corpo de dor nas crianças
O corpo de dor (*) das crianças manifesta-se por vezes sob a forma de rabugice ou isolamento. A criança fica mal-humorada, recusa-se a interagir e pode sentar-se a um canto sozinha, agarrada a uma boneca ou a chuchar no dedo. Também se pode manifestar como um ataque de choro ou de fúria. A criança grita, pode atirar-se para o chão ou tornar-se destrutiva. Quando vê as suas necessidades frustradas, tal pode facilmente desencadear o corpo de dor e, num ego em desenvolvimento, a força da necessidade pode ser muito poderosa. Os pais podem ficar impotentes a olhar, sem compreender nem acreditar no que estão a ver, enquanto o seu anjinho se transforma em apenas alguns segundos num monstrinho. «De onde vem toda esta infelicidade?», interrogam-se. Em maior ou menor proporção, vem da quota-parte do corpo de dor coletivo da Humanidade pertencente à criança e que remonta à origem do ego humano.

Porém, a criança pode também já ter absorvido dor dos corpos dos pais e, portanto, estes podem ver na criança um reflexo daquilo que também existe dentro deles. As crianças muito sensíveis são particularmente afetadas pelo corpo de dor dos pais. Terem de assistir ao drama e à loucura dos pais causa-lhes uma dor emocional quase insuportável, por isso costumam ser estas crianças mais sensíveis que se tornam adultos com corpos de dor densos. As crianças não se deixam enganar pelos pais que tentam esconder delas o seu corpo de dor, e que dizem um ao outro: «Não podemos discutir à frente dos miúdos.» O que isto geralmente significa é que, enquanto os pais aparentam estar a conversar de forma educada, a casa está impregnada de energias negativas. Os corpos de dor reprimidos são altamente tóxicos, mais ainda do que os corpos expressamente ativos, e essa toxicidade psíquica é absorvida pelas crianças e contribui para o desenvolvimento dos seus próprios corpos de dor.

(*) Campo energético de emoções antigas negativas

Eckhart Tolle (Um Novo Mundo, pág. 141)


À superfície, o momento presente é «o que acontece». Dado que o que acontece está continuamente a mudar, chegamos à conclusão de que cada dia da nossa vida é feito de milhares de momentos, em que diferentes coisas acontecem. O tempo é visto como uma sucessão interminável de momentos, alguns «bons», outros «maus». Porém, se olharmos com mais atenção, ou seja, através da nossa experiência imediata, descobrimos que não há vários momentos. Descobrimos que só há sempre este momento. A vida é sempre agora. Toda a nossa vida se desenrola neste contante Agora. Até os momentos passados ou futuros só existem se nos lembrarmos deles ou se os anteciparmos, e fazemo-lo pensando neles no único momento que existe: o momento presente.
Então porque nos parece que há tantos momentos? Porque o momento presente é confundido com o que acontece e com o conteúdo. O espaço Agora é confundido com o que acontece nesse espaço. A confusão do momento presente com o seu conteúdo dá origem não só à ilusão do tempo, mas também à ilusão do ego.


Eckhart Tolle (Um Novo Mundo, pág. 169)




















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